Descrição de chapéu Europa mudança climática

Paris reduz limite de velocidade para 30 km/h para mitigar mudanças climáticas

Diminuição de acidentes e de poluição sonora também está no horizonte; quem desrespeitar será multado

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A cidade de Paris começa a adotar nesta segunda-feira (30) o limite de velocidade de 30 km/h para quase todas as ruas. Além de reduzir a probabilidade de acidentes de trânsito e o ruído dos veículos, o principal pano de fundo para a medida é a mitigação das mudanças climáticas.

O limite já estava em vigor para quase dois terços das ruas da capital francesa. Com a expansão para a maior parte das vias, agora somente algumas poucas estradas possuem limite superior. A decisão foi tomada pela prefeita Anne Hidalgo no início de julho.

Motoristas reunidos contra proposta que visava proibir circulação de carros no centro histórico de Paris - George Van Der Hasset - 29.mai.21/AFP

À rádio francesa RFI o vice-prefeito David Belliard, também responsável pela pasta de Transportes e Mobilidade, disse que a mudança visa "adaptar a cidade às mudanças climáticas, reduzindo o local do carro [na vida urbana]". A tendência ganha peso na França, onde cerca de 200 cidades já optaram por reduzir a velocidade máxima nas principais vias.

Entre as raras exceções do novo limite em Paris estão a avenida Champs-Elysées, a mais famosa da cidade, que continua com limite de 50 km/h, e o Boulevard Périphérique, o anel rodoviário que separa a cidade dos subúrbios, com 70 km/h.

A prefeitura parisiense projeta ganhos em mobilidade com a medida, que pode incentivar a caminhada, o ciclismo e o uso do transporte público. Autoridades locais falam em uma redução de acidentes em cerca de 25%, podendo chegar a 40% no caso de ocorrências graves e fatais. Também calculam que a poluição sonora diminua pela metade. Aqueles que ultrapassarem o limite de 30 km/h poderão receber multa e ter dois pontos descontados da carteira de motorista.

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Antes de a redução ser adotada, foi realizada uma consulta pública no segundo semestre de 2020, da qual participaram 5.736 franceses —63% dos quais parisienses. A pesquisa mostrou que 31% eram a favor de um limite geral de velocidade de 30 km/h, enquanto 19% se mostraram favoráveis à redução de velocidade a depender da via.

Apesar do sugerido apoio popular, a redução de velocidade tem sido criticada pela oposição e por algumas categorias, como a dos taxistas, que caracterizam a prefeita Hidalgo como "anticarros". Quando reeleita, em 2020, ela prometeu construir uma cidade mais inclusiva e tornar todas as ruas de Paris aptas para receber bicicletas.

Durante seu primeiro mandato, a dirigente socialista ampliou as ciclovias, facilitou o acesso a bicicletas elétricas, deu passe livre para crianças e desconto de 50% para estudantes com mais de 12 anos.

Mas, sob mudanças relacionadas à mobilidade na França, ainda paira o fantasma do movimento dos "coletes amarelos", que surgiu em 2018 contra um novo imposto sobre combustíveis e se desdobrou em demandas mais amplas que questionam o alto custo de vida no país.

A medida iniciada nesta segunda faz parte de uma ambição maior de Paris para 2024, quando a capital sediará as Olimpíadas. O objetivo é que a edição imprima uma imagem positiva e histórica de combate à crise climática, com foco em três pilares principais: a redução das emissões de gases do efeito estufa, o apoio a projetos com contribuição climática positiva e a mobilização para que as mudanças implementadas sejam duradouras.

O novo limite de 30 km/h vem, ainda, na esteira de um pacote ambicioso lançado pela União Europeia na segunda quinzena de julho. O projeto prevê, entre outros pontos, o aumento do uso de energias limpas —como solar e eólica—, estímulos para o uso de carros elétricos e o veto à fabricação de automóveis movidos a combustão a partir de 2035.

Há também propostas polêmicas, como taxas extras para importar produtos fabricados sem respeito às regras ambientais e a orientação de aumentar impostos sobre combustíveis como diesel e gasolina.

As mudanças precisam ser aprovadas pelo Parlamento e pelo Conselho Europeu, que reúne chefes de Estado ou de governo, o que demandará acordos entre os 27 países-membros e com a indústria europeia.

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