Um dia após o jornal britânico Financial Times revelar que a China fez um teste com um míssil hipersônico de capacidade nuclear que teria surpreendido a inteligência americana, os EUA afirmaram, neste domingo (17), a realização de um exercício militar junto ao Canadá no Estreito de Taiwan na última semana.
O anúncio elevou as tensões com a China, que mantém a posição de reanexar Taiwan, considerada por Pequim uma província rebelde —mas que na prática tem autonomia administrativa.
Segundo militares dos Estados Unidos, o contratorpedeiro de mísseis guiados USS Dewey, do tipo Arleigh Burke, e a fragata canadense HMCS Winnipeg passaram pelo estreito que divide a China continental da ilha de Taiwan entre quinta (14) e sexta-feira (15).
"O trânsito de Dewey e Winnipeg pelo Estreito de Taiwan demonstra o compromisso dos EUA e de nossos aliados e parceiros por um Indo-Pacífico livre e aberto", disseram militares americanos neste domingo.
O governo chinês reagiu ao anúncio, afirmando que os exercícios militares ameaçam a paz e a estabilidade da região. O regime de Xi Jinping tem feito repetidas incursões militares pela chamada Adiz, a zona de identificação de defesa aérea de Taiwan, que inclui uma área que se estende além do espaço aéreo da ilha, mas que é monitorada e patrulhada pelo governo taiwanês.
Ao todo, 150 aeronaves chinesas entraram na Adiz em apenas quatro dias no começo deste mês, elevando a temperatura entre Pequim e Taipé. As aeronaves, porém, não chegaram a entrar no espaço aéreo de Taiwan e se concentraram na parte sudoeste da zona de identificação.
Em reação ao anúncio dos Estados Unidos, o Comando Conjunto Oriental do Exército de Libertação Popular da China afirmou ter monitorado os navios estrangeiros e montado guarda durante a passagem.
"Os EUA e o Canadá se uniram para provocar e causar problemas, comprometendo a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan", disse o órgão militar. "Taiwan é parte do território chinês. As forças do comando sempre mantêm alerta máximo e se opõem de forma resoluta a todas as ameaças e provocações."
Neste domingo, o Ministério da Defesa de Taiwan afirmou que a China voltou a entrar na Adiz, desta vez com três aeronaves, dois caças J-16 e um equipamento anti-submarino.
A Marinha americana tem transitado pelo estreito quase mensalmente, para a irritação de Pequim, que acusa Washington de alimentar tensões regionais. Aliados dos Estados Unidos, como o Reino Unido, por vezes acompanham as forças americanas.
O anúncio dos exercícios vem na esteira da revelação do míssil hipersônico testado pela China em agosto, que circulou a Terra antes de acelerar em direção a seu alvo, demonstrando uma capacidade militar avançada que teria pegado de surpresa a inteligência dos Estados Unidos. Esse tipo de míssil voa a cinco vezes a velocidade do som e é manobrável, o que o torna mais difícil de rastrear.
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