Israel classifica organizações civis palestinas como terroristas

Governo acusa entidades de financiar grupo armado; medida foi criticada pela ONU

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Tel Aviv | Reuters

O governo de Israel designou nesta sexta-feira (22) seis organizações da sociedade civil da Palestina como grupos terroristas, acusando essas entidades de desviar doações para guerrilheiros. A medida provocou críticas das Nações Unidas e de órgãos de defesa dos direitos humanos.

O grupo inclui, entre outras, as organizações palestinas de direitos humanos Addameer e Al-Haq, que acusaram Israel e a Autoridade Palestina de violações de direitos humanos na Cisjordânia.

Segundo o Ministério da Defesa de Israel, essas entidades têm laços com a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), grupo de esquerda considerado pelos Estados Unidos e pela União Europeia como terrorista, que tem um braço armado responsável por ataques contra israelenses.

Palestino protesta em frente a forças de segurança de Israel em Beit Dajan, na Cisjordânia - Abbas Momani/AFP

"[Essas] organizações receberam grandes somas de dinheiro de países europeus e organizações internacionais, usando uma variedade de falsificações e fraudes", disse o ministério, alegando que o dinheiro foi usado em ações da FPLP.

Com a classificação de terrorista, Israel pode fechar os escritórios desses grupos, confiscar bens e prender funcionários na Cisjordânia, disseram a Human Rights Watch e a Anistia Internacional em um comunicado conjunto. Segundo as entidades, "a decisão é uma escalada alarmante que ameaça encerrar o trabalho das organizações da sociedade civil mais proeminentes da Palestina".

O Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos nos territórios palestinos também condenou a classificação.

"A legislação de combate ao terrorismo não deve ser usada para restringir os direitos humanos legítimos e o trabalho humanitário", disse, acrescentando que algumas das razões apresentadas pareciam vagas ou irrelevantes. "Essas designações são o desenvolvimento mais recente em uma longa campanha para estigmatizar essas e outras organizações, prejudicando sua capacidade de realizar seu trabalho crucial".

Para o governo de Israel, porém, "essas organizações se apresentam como atores para fins humanitários, mas servem como cobertura para a promoção e financiamento da Frente Popular."

Os Estados Unidos, maiores aliados de Israel, não foram avisados com antecedência da designação, segundo o porta-voz do Departamento de Estado Ned Price. "Acreditamos que o respeito pelos direitos humanos, pelas liberdades fundamentais e por uma sociedade civil forte são extremamente importantes para uma governança responsável e responsiva", disse, ao afirmar que vai entrar em contato com o governo israelense para entender melhor a medida.

A Addameer e outro dos grupos agora considerados terroristas, a unidade local da Defense for Children International, classificaram as acusações como uma "tentativa de eliminar a sociedade civil palestina".

Kayed Al-Ghoul, funcionário do FPLP que está nas listas negras de terrorismo dos Estados Unidos e da União Europeia, não rejeitou os laços com os seis grupos, mas disse que eles mantêm relações com organizações da sociedade civil em toda a Cisjordânia e Gaza.

"É parte da dura batalha que Israel está lançando contra o povo palestino e contra grupos da sociedade civil, a fim de exauri-los."

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