A polícia de Liverpool, no norte da Inglaterra, declarou que a explosão de uma bomba em um táxi neste domingo (14) está sendo investigada como um ato terrorista, embora a motivação do ataque ainda não esteja clara.

Uma bomba carregada por um passageiro envolveu o veículo em chamas do lado de fora de um hospital da cidade inglesa, pouco antes de uma cerimônia religiosa por ocasião do Dia da Memória, quando o país homenageia os mortos na guerra.

Único a morrer na explosão, o passageiro foi identificado pela polícia como Emad Al Swealmeen, 32. Segundo o detetive-chefe da Polícia de Grande Manchester, Andrew Meeks, ele está ligado a dois endereços onde buscas estão sendo realizadas.

"Nossas investigações indicam que um dispositivo explosivo improvisado foi fabricado, e nossa suposição até agora é que ele foi construído pelo passageiro do táxi" disse Russ Jackson, chefe local da polícia antiterrorista.

Segundo Jackson, ainda não há elementos que comprovem a conexão entre a explosão e o Dia da Memória, mas essa é uma hipótese que não foi descartada.

Quatro homens, com idades entre 20 e 29 anos, foram presos no domingo e nesta segunda-feira (15). O motivo das detenções ainda não foi esclarecido, mas elas decorreram de uma série de buscas em vários endereços, entre os quais Jackson afirmou que foram encontrados "itens significativos", sem dar detalhes.

Segundo a polícia, o passageiro havia embarcado no táxi em um ponto de Liverpool que fica a dez minutos do hospital para onde ele pediu que fosse levado. A explosão ocorreu dentro do carro quando o veículo se aproximava do ponto de desembarque em frente à unidade médica.

O motorista, que ficou ferido mas conseguiu escapar do táxi em chamas, recebeu tratamento médico e já teve alta. Em entrevista à rádio britânica BBC, a prefeita de Liverpool descreveu as ações do taxista —que não foi identificado— como heroicas.

Segundo Joanne Anderson, ele conseguiu trancar o passageiro dentro do veículo antes da explosão. "O taxista, em seus esforços heroicos, conseguiu impedir o que poderia ter sido um desastre absolutamente terrível no hospital", disse a prefeita.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, também elogiou a "incrível presença de espírito e a bravura" do taxista. O premiê anunciou ainda que o país elevou o nível de ameaça para severo, o que significa que um ataque é tido como muito provável. "Não posso comentar os detalhes do caso ou sua motivação, mas é um lembrete gritante da necessidade de todos nós permanecermos totalmente vigilantes", afirmou.

O ministro do Interior, Priti Patel, ressaltou que este é o segundo incidente fatal em um mês, após o parlamentar conservador David Amess morrer esfaqueado, em 15 de outubro.

Amess estava na Igreja Metodista de Belfairs, sede escolhida para um encontro quinzenal entre os membros do Legislativo e seu eleitorado. Uma placa na entrada da igreja diz "todos são bem-vindos aqui: onde velhos amigos se encontram e estranhos se sentem em casa". Testemunhas disseram que um homem com uma faca entrou no prédio e atacou o parlamentar, sem motivação aparente.

O conservador chegou a receber cuidados médicos dentro da igreja, mas não resistiu aos ferimentos.

A Polícia Metropolitana informou que considerava o ataque um "incidente terrorista" e que a investigação coube à divisão especializada em terrorismo.