Alemanha impõe lockdown para não vacinados em meio a alta de Covid

Maior economia da Europa registrou recorde de mortes pela doença e teme impactos da variante ômicron

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Berlim | Reuters

A Alemanha anunciou nesta quinta-feira (2) um lockdown parcial, com novas restrições a cidadãos não vacinados contra a Covid, para tentar conter o aumento dos casos da doença no país, que registrou nesta quarta-feira (1º) o maior número de mortes por coronavírus nos últimos nove meses.

Aqueles que não receberam as doses do imunizante serão impedidos de acessar quase todos os estabelecimentos, exceto supermercados e farmácias, locais considerados essenciais, informou a primeira-ministra Angela Merkel. Testes adicionais também serão ofertados a cidadãos já imunizados.

A primeira-ministra alemã, Angela Merkel, e o futuro premiê do país, Olaf Scholz, após discurso em que anunciaram as novas medidas
A primeira-ministra alemã, Angela Merkel, e o futuro premiê do país, Olaf Scholz, após discurso em que anunciaram as novas medidas - John Macdougall/Pool/AFP

A líder da maior economia europeia também afirmou que a vacinação obrigatória poderia ser definida pelo país a partir de fevereiro, caso aprovado pelo Bundestag, o Parlamento alemão. O comentário vem um dia após a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, especular medida semelhante para o bloco —embora regras de saúde pública nos países-membros sejam decididas pelos governos nacionais.

A Áustria, por exemplo, pretende tornar compulsória a vacina anti-Covid a partir de fevereiro. Na terça (30), o país estendeu por mais dez dias o lockdown geral imposto para conter o surto de Covid-19. Assim, o período total da restrição será de 20 dias, o que o governo já disse ser o máximo que irá durar.

A primeira-ministra alemã, que se despede do cargo nesta quinta, voltou a destacar que a situação da Covid no país é muito séria, com aumento do número de casos e hesitação vacinal superior à de outros países europeus e descoberta de infecções pela variante ômicron, potencialmente mais transmissível.

O Instituto Robert Koch, a agência federal de controle de doenças do país, relatou 446 óbitos pela doença nesta quarta —maior cifra diária desde 18 de fevereiro. A taxa de incidência nos últimos sete dias por 100 mil habitantes, porém, caiu pelo terceiro dia consecutivo: 439,2, contra 452,2 na terça.

Epidemiologistas locais, porém, afirmam que, se seguir assim, o país pode ter 6.000 pessoas com Covid em UTIs até o feriado do Natal, independentemente das medidas que as autoridades tomarem.

Para evitar um lockdown completo que poderia inviabilizar a frágil recuperação do país, Merkel e seu sucessor, Olaf​ Scholz, preferiram manter os comércios abertos para quase 69% da população que está totalmente vacinada, bem como para aqueles com provas de recuperação da Covid. Essa taxa de vacinação de quase 70% está na média da UE, mas é menor do que a de países como Portugal e Irlanda.

Merkel disse que solicitará a um comitê de ética para redigir uma legislação que torne a vacinação obrigatória. A primeira-ministra, que descreveu as restrições como um "ato nacional de solidariedade" necessário, afirmou que, em regiões onde a incidência semanal de casos chega a 350 por 100 mil habitantes, medidas como o fechamento de casas noturnas e a limitação de eventos fechados a um máximo de 50 pessoas devem ser adotadas.

Especialistas atribuem o novo surto à resistência à vacinação de uma parte significativa da sociedade e criticam os políticos por agirem tarde demais para controlar o contágio. Controlar o vírus será uma das prioridades de Scholz, líder dos social-democratas, que governarão junto com os progressistas Verdes e os liberais do FDP. Scholz, que assumirá formalmente o poder na próxima semana, afirmou que a Alemanha tentará administrar mais 30 milhões de doses de vacinas contra a Covid até o Natal.


COMO EVITAR NOVAS ONDAS DE COVID

1 - Medidas de saúde pública

  • Vacinar a maior parcela possível de idosos, vulneráveis e profissionais de saúde
  • Vacinar a maior parcela possível da população adulta
  • Ouvir os que recusam a vacina para entender seus motivos, dar respostas às dúvidas deles e restaurar a confiança na imunização
  • Vacinar jovens e crianças, nos países em que há imunizantes suficientes e já aprovados para essas faixas etárias
  • Dar a todos os adultos uma dose de reforço seis meses após a vacinação completa, priorizando idosos e vulneráveis
  • Manter sistema de testes, rastreamento de contatos e isolamento de casos suspeitos
  • Manter orientações claras contra aglomeração e de uso de máscara em locais fechados ou onde distanciamento não for possível
  • Divulgar informações de forma clara e transparente
  • Quando os números refluírem, retirar restrições de forma gradual, sem reduzir vigilância

2 - Medidas individuais

  • Vacinar-se completamente e tomar a dose de reforço seis meses após a vacinação completa, se disponível
  • Evitar aglomerações e locais fechados
  • Usar máscaras quando o distanciamento for impossível; o uso eficaz de máscara envolve cobrir boca e nariz e evitar contaminação ao retirá-la
  • Cobrir boca e nariz com a parte interna do cotovelo ao tossir ou espirrar, para evitar transmissão do vírus pelas mãos
  • Lavar as mãos constantemente, com sabão, durante ao menos 20 segundos
  • Testar-se se tiver sintomas e evitar contatos até receber um resultado negativo
  • Isolar-se e avisar contatos se tiver resultado positivo
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