Descrição de chapéu Governo Biden Rússia

Biden e Putin alertam para rompimento de relações em caso de escalada na Ucrânia

Em conversa por telefone, líderes mantiveram tom incisivo aliviado apenas por promessas de conduta diplomática

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Wilmington (Delaware) e Moscou | Reuters

Em meio ao aumento das tensões em torno da Ucrânia, os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da Rússia, Vladimir Putin, conversaram por videochamada nesta quinta-feira (30) e alertaram para um possível rompimento na relação entre os dois países em decorrência da escalada de ânimos no leste europeu.

EUA e Rússia passam por um dos momentos de maior tensão da história recente depois que Kiev e Washington acusaram Moscou de planejar um ataque contra a Ucrânia após posicionar dezenas de milhares de soldados próximos à fronteira da ex-república soviética

Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fala ao telefone com o mandatário da Rússia, Vladimir Putin - Adam Schultz/Casa Branca/Via Reuters

Na ligação, que durou 50 minutos, Biden "deixou claro que os Estados Unidos e seus aliados e parceiros responderão de forma decisiva se a Rússia avançar na invasão da Ucrânia", informou a Casa Branca, por meio de um comunicado.

A Rússia anexou em 2014 a península da Crimeia, em resposta a uma revolução pró-Ocidente, que derrubou um presidente alinhado ao Kremlin. Os russos também são acusados de apoiar separatistas ucranianos que lutam contra o governo de Kiev no leste do país.

Biden voltou a ameaçar a Rússia com sanções econômicas em caso de ataque, o que Putin chamou de "um erro colossal".

"Nosso presidente respondeu imediatamente [à ameaça] que se o Ocidente decidir, nesta ou em outras circunstâncias, impor estas sanções sem precedentes que foram mencionadas então, isso poderia levar a um rompimento total dos laços entre nossos países e causar o dano mais sério para relações entre a Rússia e o Ocidente ", disse assessor do Kremlin, Yuri Ushakov.

Apesar das tensões de ambos os lados, Ushakov disse a repórteres que o Kremlin estava satisfeito com a conversa e que os os dois líderes pareciam prontos para avançar diplomaticamente.

Moscou nega que esteja preparando uma invasão à Ucrânia, apesar da movimentação militar na fronteira. "Esta não é a nossa escolha [preferida], não queremos isso", disse Putin na semana passada. A Rússia alega que tem direito de mover suas tropas como quiser em seu território.

O Kremlin, porém, não descarta uma resposta militar se a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), à qual a Ucrânia deseja se integrar, persistir com sua expansão para o leste. O presidente russo ameaçou adotar medidas "militares e técnicas" caso suas reivindicações não sejam atendidas.

Putin quer garantias de segurança no leste europeu por parte do Ocidente, o que foi mencionado no telefonema nesta quinta. Segundo o Kremlin, Biden concordou que Moscou precisa de tais garantias para avançar nas negociações, mesmo que ainda haja diferenças entre os dois países.

As tensões com Kiev levaram as relações Leste-Oeste ao seu pior momento nas três décadas desde o colapso da União Soviética. Os EUA, a União Europeia e o G7 alertaram Putin de que ele enfrentará graves consequências, incluindo duras sanções econômicas, caso ocorra qualquer nova agressão russa.

Em meio ao conflito, os dois líderes anunciaram que vão se reunir presencialmente em 10 de janeiro em Genebra, na Suíça. A reunião desta quinta, de acordo com os dois governos, serviu para "estabelecer o tom" das conversas no próximo mês. Uma fonte do Conselho de Segurança Nacional dos EUA afirmou que as negociações serão seguidas por uma reunião entre Rússia e Otan em 12 de janeiro. Um dia depois deve acontecer um encontro mais amplo, incluindo Moscou, Washington e países europeus.

Um relatório americano apontou que a Rússia começaria a retirar 10 mil soldados da fronteira, mas autoridades dos EUA disseram ter poucas evidências do recuo, o que manteve as preocupações por parte do governo Biden, segundo um alto funcionário da administração disse à agência de notícias Reuters.

De acordo com o relato, concedido sob anonimato, os EUA estão em um momento de crise que exige um alto nível de engajamento para encontrar um caminho de desaceleração das tensões.

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