Descrição de chapéu Coronavírus

Brasileiro que identificou ômicron pede que governos e bilionários ajudem a África

Cientista Túlio de Oliveira, que vive na África do Sul, fez apelo por solidariedade

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São Paulo

O cientista brasileiro Túlio de Oliveira, um dos responsáveis pela identificação da nova variante ômicron do coronavírus, fez um apelo nesta quarta (1º) por ajuda aos países africanos no combate à Covid.

"Deixem-me por favor repetir meu pedido a governos, instituições financeiras e bilionários para que ajudem a África do Sul e a África", escreveu o brasileiro, que vive na África do Sul há mais de 20 anos.

Viajantes no aeroporto da Cidade do Cabo, na África do Sul, verificam seus testes contra a Covid-19 - Xinhua

Segundo ele, a falta de auxílio internacional para o continente, que tem taxas de imunização muito baixas, atrasa o combate global da pandemia. "Devemos esperar hospitalizações, mortes e ação neutralizadora das vacinas para agir? Não aprendemos que resposta rápida é o que controla pandemias e epidemias?"

Oliveira dirige o Centro de Inovação e Resposta a Epidemias da África do Sul e fez parte de uma equipe que sequenciou a nova variante no país, na semana passada. Desde então, diversas nações do mundo fecharam as fronteiras aéreas para a África do Sul e vizinhos, inclusive o Brasil.

Trata-se de uma tentativa de evitar a disseminação da variante, considerada mais transmissível e que pode ser menos suscetível às vacinas atuais. Apesar disso, a ômicron vem se espalhando rapidamente.

Desde a descoberta da mutação, Oliveira vem cobrando em postagens maior solidariedade da comunidade internacional. No caso da África do Sul, afirma que o país não pode ser punido por ser transparente e que deveria, ao contrário, ser recompensado por alertar o mundo para essa nova ameaça.

Nesta quarta, ele se comparou, de forma irônica, à ativista pelo clima Greta Thunberg, que rotineiramente cobra a falta de preocupação com o ambiente. "Vou começar a falar como Greta Thunberg. Bla-bla-bla para todas as promessas de líderes mundiais. Prometeram muitas vezes vacinas, apoio, antivirais etc. para países pobres na pandemia, e ainda estamos esperando, enquanto a pandemia cresce sem controle."

Segundo Our World in Data, da Universidade de Oxford, apenas 11,09% dos africanos tomaram ao menos uma dose da vacina contra a Covid-19, e só 7,33% estão totalmente imunizados. Em países desenvolvidos e emergentes, como o Brasil, o índice de imunizados passa de 50%. Com menos vacinados, a chance de o vírus se espalhar é maior, o que favorece também o surgimento de novas variantes, mais resistentes.

O cientista brasileiro também tem criticado os efeitos econômicos causados à África do Sul pelo banimento dos voos, além de dizer que essa medida atrapalha suas pesquisas, pela falta de insumos.

"Em breve ficaremos sem reagentes, já que aviões não estão chegando à África do Sul. Será péssimo se não pudermos responder às questões que o mundo precisa saber sobre a ômicron em razão do banimento das viagens", disse. Na última quinta-feira (25), o professor já havia feito um apelo a algumas das pessoas mais ricas do mundo, para que ajudem financeiramente a África a controlar as variantes.

Mencionou entre outros Elon Musk (Tesla), ​Bill Gates (Microsoft), Jeff Bezos (Amazon) e Warren Buffett (Berkshire). "Ao proteger a população pobre e oprimida da África, protegeremos o mundo", disse.

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