O príncipe herdeiro de Abu Dhabi, xeque Mohammed bin Zayed, recebeu nesta segunda-feira (13) o premiê de Israel, Naftali Bennett, na primeira reunião pública entre o governante de fato dos Emirados Árabes Unidos com um líder israelense.
A reunião ocorre na esteira do restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países, consolidado em setembro de 2020, com acordo mediado pelos EUA. Imagens do encontro, classificado como histórico pelo gabinete do premiê israelense, mostram Bennett e Bin Zayed sorrindo e apertando as mãos.
Não foram divulgados detalhes dos assuntos abordados, mas, antes de Bennett voltar para casa no fim do dia, seu gabinete divulgou que o príncipe herdeiro aceitou um convite para visitar Israel —não houve, porém, confirmação por parte das autoridades dos Emirados.
A agência estatal de notícias WAM, por sua vez, divulgou comunicado no qual Bin Zayed expressou sua esperança por estabilidade no Oriente Médio e disse que a visita de Bennett significa um "avanço na relação de cooperação em direção a passos mais positivos nos interesses das pessoas das duas nações e da região".
Os palestinos lamentaram a reaproximação entre os dois países. Além de terem protagonizado um conflito em maio deste ano, Israel e Palestina estão com a diplomacia suspensa desde 2014.
Antes do encontro, Amir Hayek, embaixador de Israel em Abu Dhabi, adiantou em entrevista à rádio do Exército de Israel que a questão do Irã certamente seria tratada, mas afirmou que o premiê não iria ao país árabe apenas tratar deste tema.
"Israel está em cooperação com um novo aliado, um parceiro para o longo prazo, e considerações serão feitas tanto sobre Defesa quanto sobre como trabalhar com um país que é muito amigável para Israel", afirmou Hayek.
A visita ocorre no momento em que foram retomadas em Viena as negociações entre as potências mundiais e o Irã, com o intuito de salvar o acordo nuclear de 2015, abandonado em 2018 pelo então presidente dos EUA, Donald Trump.
As negociações foram criticadas por Israel, que pede a aplicação de medidas concretas contra o país persa. Os Emirados Árabes, apesar de também enxergarem o Irã como ameaça, continuam sendo um importante parceiro comercial do país.
Mas ainda que a preocupação comum sobre o programa nuclear iraniano esteja entre as razões para o movimento diplomático, os Emirados Árabes tentam também melhorar suas relações com Teerã —na última semana, um representante viajou ao país.
Em outra frente, uma delegação americana deve chegar a Abu Dhabi nesta semana para alertar os bancos do país sobre o não cumprimento das sanções contra Teerã.
Arqui-inimigo de Israel, o Irã não foi mencionado publicamente por Bennett desde que o premiê partiu para a viagem atual com a promessa de promover o comércio bilateral e outras formas de cooperação civil. Nesta segunda, a imprensa estatal do país persa divulgou que Teerã condenou a visita, dizendo que o encontro ocorre em detrimento da segurança e dos interesses da região e dos muçulmanos.
O jornal israelense Hayom, citando fontes oficiais, disse que Bennett deveria compartilhar com Bin Zayed informações de inteligência relacionadas a milícias abastecidas pelo Irã e a drones na região.
No último mês, Israel abordou com os países árabes do Golfo o estabelecimento de defesas conjuntas contra o Irã. Vendas de defesa para os Emirados estão em andamento, mas fontes ligadas à indústria israelense dizem que sistemas antimísseis avançados ainda precisam ser oferecidos.
Bennett disse que seu governo irá ampliar esforços para chegar ao acordo de livre comércio com os Emirados Árabes Unidos ainda no primeiro trimestre de 2022. O comércio entre os países chegou a US$ 500 milhões neste ano, apenas considerando as mercadorias, um aumento dos US$ 125 milhões registrados em 2020. A expectativa é a de que continue crescendo rapidamente.
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