Bolsonaro diz que Putin é 'conservador' a apoiador que perguntou se líder russo é 'gente da gente'

Presidente brasileiro viajará à Rússia em fevereiro, a convite, para buscar 'melhores entendimentos e relações comerciais'

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

Questionado por um apoiador sobre se o presidente da Rússia, Vladimir Putin, era "gente da gente", Jair Bolsonaro (PL) chamou nesta quinta-feira (27) seu homólogo de "conservador".

O líder brasileiro, que visitará Moscou no final de fevereiro a convite do russo, falava com apoiadores no cercadinho do Palácio da Alvorada, em Brasília. O chefe do Executivo brasileiro disse ainda que, na viagem, buscará "melhores entendimentos" e "relações comerciais". Segundo ele, "o mundo todo é simpático a gente".

O presidente Jair Bolsonaro recebe o líder da Rússia, Vladimir Putin, no Palácio do Itamaraty, em Brasília
O presidente Jair Bolsonaro recebe o líder da Rússia, Vladimir Putin, no Palácio do Itamaraty, em Brasília - Pedro Ladeira - 14.nov.19/Folhapress

Enquanto o presidente ainda não fez viagens oficiais ao país de Putin desde que assumiu, o líder russo esteve no Brasil em 2019, para uma reunião do Brics, bloco formado pelos dois países, mais Índia, China e África do Sul.

De acordo com informações da agência estatal Tass, Putin convidou Bolsonaro no começo de dezembro para uma visita e disse que o Brasil é um dos "mais importantes parceiros estratégicos" de Moscou. À época, o presidente brasileiro confirmou o convite e disse estar "feliz e honrado".

Há mais de 20 anos à frente do Kremlin, o líder tem adotado posicionamentos considerados cada vez mais conservadores. Ele é contra o casamento de pessoas do mesmo sexo, proibido no país, e marchas LGBTQIA+ acontecem cada vez menos, já que desde 2012 são reprimidas em diversas cidades russas.

Em 2013, Putin apoiou leis que criminalizam o que chama de "propaganda gay para menores de idade", algo amplamente criticado no Ocidente. Enquanto há clubes LGBT+ mais ou menos disfarçados em grandes centros como Moscou, em regiões como a Tchetchênia a repressão é brutal.

No Brasil, com a proximidade da eleição, Bolsonaro tem reforçado as críticas ao que chama de "ideologia de gênero". Na quarta (26), disse que a maioria da população "LGBT é contrária [à ideologia de gênero]".

Em novembro de 2020, Bolsonaro publicou um vídeo em que Putin tece elogios às "qualidades masculinas", à "coragem" e à "determinação" do brasileiro. "Muito obrigado, sr. presidente Bolsonaro. Não foi fácil para todos nós trabalharmos neste ano [em referência à pandemia], mas você também enfrentou pessoalmente esta infecção e passou pelas provações com muita coragem. Desejo a você tudo de melhor, em primeiro lugar, saúde", disse Putin, em referência à contaminação de Bolsonaro pelo coronavírus.

A Rússia hoje está no centro do noticiário internacional devido às acusações de potências ocidentais de que teria a intenção de invadir a Ucrânia —mais de 100 mil soldados de Moscou foram mobilizados para região da fronteira. A ameaça militar busca afastar a possibilidade de o país vizinho se juntar à Otan, a aliança militar do Ocidente.

A crise opõe, principalmente, Rússia e EUA, cujo presidente, Joe Biden, é um desafeto de Bolsonaro. Durante a campanha eleitoral americana, em 2020, o brasileiro afirmou publicamente torcer pela vitória do derrotado Donald Trump. O democrata também criticou o brasileiro devido à política ambiental do Planalto. Desde que Biden foi eleito, os líderes de Brasil e EUA não se falaram diretamente.​

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.