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China fez dois testes de armas hipersônicas em agosto

Nos EUA, foguete tem falha, mas ensaios de protótipos correm bem, segundo Pentágono; Pequim negou reportagem do Financial Times

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Demetri Sevastopulo
Washington | Financial Times

Militares chineses realizaram dois testes de armas hipersônicas durante o último verão no hemisfério norte, aumentando as preocupações de que Pequim esteja ganhando terreno na corrida para desenvolver uma nova geração de armamentos.

Em 27 de julho, os militares chineses lançaram um foguete que usava um sistema de "bombardeio orbital fracionário" para transportar um "veículo planador hipersônico" ao redor da Terra pela primeira vez, segundo quatro pessoas informadas sobre avaliações da inteligência dos Estados Unidos.

O Financial Times relatou que o primeiro teste foi em agosto, não no final de julho. A China conduziu posteriormente outro teste hipersônico em 13 de agosto, segundo duas pessoas inteiradas do assunto.

O lançador de foguetes Longa Marcha decola do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, no deserto de Gobi, no noroeste da China - Liu Lei - 16.out.21/Xinhua

Três pessoas informadas sobre o primeiro teste em julho disseram que ele surpreendeu o Pentágono e a inteligência americana porque a China conseguiu demonstrar uma nova capacidade de armamentos. Mas essas pessoas não quiseram dar mais detalhes.

Uma das fontes disse que cientistas do governo estão se esforçando para compreender essa capacidade, que os EUA não possuem atualmente, e acrescentaram que a conquista chinesa parece "desafiar as leis da física".

Especialistas em espaço e mísseis estão discutindo o teste chinês desde que o Financial Times revelou o fato no fim de semana. Jeffrey Lewis, especialista em armas nucleares no Instituto de Estudos Internacionais Middlebury, na Califórnia, afirma que a China parece ter desenvolvido uma verdadeira inovação, mas salienta a necessidade de manter um grau de ceticismo.

"Devemos estar abertos para a realidade de que a China também é capaz de inovação tecnológica", diz. "Mas eu tomaria cuidado sobre caracterizações exageradas que podem ajudar a desculpar uma falha de inteligência banal. Se dissermos que uma inovação é impossível de imaginar, então ninguém é realmente responsável por não a haver notado."

A Casa Branca não quis comentar o assunto. Nesta quarta-feira (20), autoridades do governo americano, incluindo o secretário da Defesa, Lloyd Austin, recusaram-se a confirmar ou negar a existência do teste, que continua secreto.

O presidente Joe Biden manifestou preocupação na quarta sobre armas hipersônicas. Questionado no momento em partia de Washington para a Pensilvânia se estava preocupado com o desenvolvimento de armas manobráveis de alta velocidade, respondeu: "Sim".

Nesta quinta (21), o Pentágono informou que realizou três testes bem-sucedidos com protótipos de componentes de armas hipersônicas, que ajudarão no desenvolvimento de novos armamentos.

Os ensaios, em uma instalação da Nasa no estado da Virgínia, integram programas da Marinha e do Exército, que esperam conduzir um teste de voo de um míssil hipersônico neste ano fiscal de 2022 —iniciado no último dia 1º.

Um outro ensaio com um foguete, para verificar os aspectos de veículos planadores hipersônicos, teve um revés, com uma falha no veículo —não especificada pela agência de notícias Reuters.

Segundo comunicado do Pentágono, os experimentos "exibiram as tecnologias hipersônicas, suas capacidades e os sistemas dos protótipos em um ambiente operacional realista".

O Ministério das Relações Exteriores chinês negou nesta semana a reportagem do FT, dizendo que só lançou um avião espacial e que o teste foi realizado em 16 de julho. A embaixada chinesa em Washington não quis comentar.

Ao jornal militar americano Stars and Stripes na Alemanha no fim de semana passado o almirante Charles Richard, chefe do Comando Estratégico, que supervisiona as forças nucleares dos EUA, disse que "não estava surpreso" com a reportagem do FT. Ele acrescentou que também não ficaria surpreso se surgirem mais relatos no mês que vem.

Richard, que reforçou as advertências sobre forças nucleares da China durante este ano, afirmou ao jornal que a "expansão de tirar o fôlego" significa que agora a China "pode executar qualquer estratégia possível de emprego nuclear".

Durante o verão, surgiram imagens de satélite mostrando que a China construiu várias centenas de silos para abrigar mísseis balísticos intercontinentais.

Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado, disse nesta semana que o governo Biden está muito preocupado com a rápida expansão das forças nucleares chinesas, incluindo seu desenvolvimento de "novos sistemas de entrega".

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