EUA exibem poderoso submarino nuclear em porto no Pacífico

USS Nevada pode transportar 20 mísseis e dezenas de ogivas; ilha de Guam está a 2.700 km de Taiwan

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São Paulo

Os Estados Unidos enviaram neste fim de semana para Guam, ilha do país na Micronésia, no oceano Pacífico, uma das armas mais poderosas de sua Marinha, em mais uma movimentação para enviar recados à China, rival geopolítico dos americanos e com pretensões expansionistas na região.

O USS Nevada, submarino movido a energia nuclear da classe Ohio baseado no porto do estado de Washington, com capacidade para transportar 20 mísseis balísticos Trident e dezenas de ogivas nucleares, aportou em Guam no sábado (15). "Esta visita ao porto de Guam reflete o compromisso dos EUA com a região do Indo-Pacífico e complementa os muitos exercícios, operações, treinamento e atividades de cooperação militar conduzidas pelas Forças Estratégicas para garantir que estão disponíveis e prontas para operar ao redor do planeta a qualquer momento", disse a Marinha em nota.

O submarino USS Nevada, da Marinha dos Estados Unidos, ao chegar à base naval de Guam
O submarino USS Nevada, da Marinha dos Estados Unidos, ao chegar à base naval de Guam - Victoria Kinney - 15.jan.22/Marinha dos EUA

Guam está a cerca de 2.700 km de Taiwan, pelo mar das Filipinas. Segundo a CNN americana, trata-se da primeira visita de um submarino de mísseis balísticos ao arquipélago desde 2016 e a segunda desde os anos 1980. Esse tipo de submarino tem capacidade de operar submerso por meses a fio, mas esse tempo em geral é limitado pela necessidade de renovar suprimentos para sustentar a tripulação de mais de 150 marinheiros. A Marinha diz que os submarinos da classe Ohio ficam em média 77 dias no mar.

A movimentação dos 14 submarinos dessa classe da frota da Marinha geralmente se dá em segredo, segundo a CNN. Mas as tensões envolvendo EUA e China em torno do status de Taiwan e o aumento de testes de armamentos feitos pela Coreia do Norte podem ter incentivado Washington a mostrar poder de fogo, dizem analistas.

"[Isso] envia uma mensagem, intencional ou não: podemos estacionar cerca de cem ogivas nucleares à sua porta e você nem saberá ou será capaz de fazer muito a respeito. E o contrário não é verdade —e não será por um bom tempo", disse à rede americana Thomas Shugart, ex-capitão de submarino da Marinha e analista do Center for a New American Security.

O programa de submarinos balísticos da Coreia do Norte ainda está começando a ser desenvolvido. No caso da China, a frota, estimada em seis unidades, ainda não pode competir com o poder bélico americano —eles também não têm a mesma capacidade dos mísseis dos EUA, segundo analistas do Centro de Estudos Estratégicos Internacionais.

Os submarinos de mísseis balísticos Type 094 da China são duas vezes mais altos que os dos EUA e, assim, mais facilmente detectados. Também carregam menos mísseis e ogivas, escreveram analistas do CSIS em agosto, de acordo com a CNN. Para Alessio Patalano, professor de guerra e estratégia do King's College, em Londres, os submarinos na região permitem aprender a "caçar" armamentos de outros atores.

"A Coreia do Norte está buscando o desenvolvimento desse tipo de plataforma de lançamento de mísseis, e a China já os colocou em campo. Aprimorar as habilidades para rastreá-los é tão importante quanto implantá-los, como dissuasão estratégica", disse ele à CNN.

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