A capital da China, Pequim, cumpriu pela primeira vez no ano passado as metas locais de qualidade do ar, disseram autoridades chinesas nesta terça-feira (4). Apesar de elogiarem o marco, especialistas alertaram que a poluição ainda está em padrões quase sete vezes acima do recomendado pela OMS.
A China declarou guerra à poluição em 2014, depois de uma série de acúmulos perigosos de poluentes em Pequim e em outras cidades desencadear uma insatisfação generalizada na população.
O movimento levou a esforços conjuntos para cortar o consumo de carvão, reduzir emissões dos transportes, repensar a indústria pesada e combater violações da legislação.
"As melhorias são reais e estão acontecendo em todo o cinturão industrial ao redor de Pequim, bem como em grande parte do resto do país", disse Lauri Myllyvirta, analista-chefe do Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo, à agência de notícias Reuters. Ele alerta, no entanto, que a poluição continua alta o suficiente para "constituir um risco permanente para a saúde da população".
A média anual de material particulado fino transportado pelo ar, conhecido como PM2.5, foi de 33 microgramas por m3, quase sete vezes o nível recomendado pela OMS, de 5 microgramas.
Esse montante, no entanto, caiu 13% em comparação ao ano anterior e atendeu pela primeira vez ao padrão estabelecido pelo governo, que era de 35 microgramas. Yu Jianhua, um dos chefes do departamento de proteção ambiental de Pequim, descreveu como "sem precedentes" os esforços da cidade na última década e a velocidade das melhorias. Os moradores da capital puderam aproveitar quase quatro meses a mais de céu claro no ano passado em comparação com 2013, disse ele.
A cidade havia prometido em 2015 que aproveitaria a realização dos Jogos de Inverno em 2022 para promover melhorias ambientais. O próprio líder chinês, Xi Jinping, prometeu sediar "Olimpíadas verdes".
Em 2016, a média das leituras de material particulado PM2.5 ficou em 71 microgramas, com picos de quase 500 microgramas nos meses de inverno, quando sistemas de aquecimento a base de carvão foram acionados em toda a região. Pequim e a província vizinha de Hebei, desde então, têm se esforçado para mudar o sistema para um gás natural mais limpo. Além disso, também têm acelerado o reflorestamento da região. Os governos impuseram ainda novos e rígidos padrões de combustível para carros e forçaram siderúrgicas e outros setores da indústria a instalar equipamentos para controlar as emissões.
"Melhorias adicionais exigirão uma mudança do carvão e do petróleo para a energia limpa", diz Myllyvirta.
Em setembro, Xi dedicou a maior parte de seu discurso na Assembleia-Geral da ONU às mudanças climáticas e afirmou que o país deixaria de financiar projetos no exterior baseados em carvão.
Ele também reafirmou o compromisso em alcançar a neutralidade de carbono até 2060 e propôs a criação de um fórum com objetivos globais pelo desenvolvimento, para acelerar a implementação da agenda 2030 da ONU, que estabelece metas que os países devem alcançar para atingir o desenvolvimento sustentável.
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