Descrição de chapéu América Latina

Costa Rica, país mais estável da América Central, vai às urnas com recorde de candidatos

Economia e desemprego dominam preocupações de eleitores que substituirão impopular atual presidente

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Buenos Aires

A Costa Rica vai às urnas neste domingo (6) para o primeiro turno das eleições presidenciais com tendência de retorno ao poder de um dos dois partidos mais tradicionais do país e número recorde de candidatos —25 no total, a maior cifra da história da democracia local—, ainda que nenhum deles supere os 20% das intenções de voto, o que deve levar a decisão para um segundo turno, em 3 de abril.

As pesquisas sinalizam que a disputa final ficará entre José María Figueres, do Liberación Nacional, de centro-direita, e Fabricio Alvarado, do Nova República, um pastor de ultradireita. Os institutos, porém, também apontam um alto número de indecisos, o que pode levar a uma formação diferente no segundo turno do pleito que também escolhe os 57 representantes da Assembleia Legislativa unicameral.

Da esq. para a dir., os candidatos à Presidência da Costa Rica Josá María Figueres, Lineth Saborío e Fabricio Alvarado durante debate em San José
Da esq. para a dir., os candidatos à Presidência da Costa Rica Josá María Figueres, Lineth Saborío e Fabricio Alvarado durante debate em San José - Ezequiel Becerra - 1º.fez.22/AFP

Segundo a OPol, a consultoria mais importante do país, Figueres lidera com 18,9% das intenções de voto, enquanto Alvarado tem 18,3%, um empate técnico. Em terceiro vem Lineth Saborío, do direitista partido Social Cristão, com 15,3%. Outra pesquisa, do Centro de Investigação e Estudos Políticos, da Universidade da Costa Rica, mostra Figueres liderando com 17%, contra 13% de Saborío e 10% de Alvarado.

Em ambas as sondagens, os demais candidatos não alcançam os dois dígitos, e os eleitores que se dizem indecisos vão de 31,8%, segundo o CIEP, a 20,8%, de acordo com o OPol. O padrão considerado é de 3,5 milhões de eleitores —o voto é obrigatório.

A Costa Rica se diferencia positivamente de seus vizinhos centro-americanos ao ocupar o segundo lugar no ranking de países com mais apoio à democracia da América Latina, segundo o Latinobarômetro, atrás apenas do Uruguai. Em termos de violência, apresenta taxa de 11,15 mortos por 100 mil habitantes, índice bem inferior ao de Honduras (38,9) ou de El Salvador (37,14). Encontra-se, ainda, 
em 62º lugar do ranking de IDH elaborado pelo PNUD, da ONU, à frente de Brasil e México.

Nesta eleição, dois temas preocupam os costa-riquenhos. Um deles é a reativação da economia, uma vez que o PIB do país encolheu 4,5% em 2020, devido à pandemia de coronavírus. Já em 2021, com reativação parcial das atividades, em especial do turismo, principal fonte de renda, houve crescimento de 7,5%.

Embora o desemprego tenha se recuperado nos últimos dois anos, a taxa se encontra em 14%, o que coloca a falta de ocupação entre as principais preocupações dos eleitores nas pesquisas. A informalidade atinge 44% da força de trabalho e, embora baixa para os padrões latino-americanos, é considerada um problema para muitos eleitores.

O combate à corrupção também tem sido uma das bandeiras de campanha, após ter vindo à tona um esquema envolvendo o Estado e a contratação superfaturada de empresas de construção. O escândalo, conhecido como Cochinilla, ajudou a desgastar a imagem do atual presidente, Carlos Alvarado, que tem 12% de popularidade de acordo com pesquisa da CIEP. O aumento do desemprego durante a pandemia e a redução da atividade econômica ajudaram a demolir a popularidade da gestão que, em 2014, havia surgido como alternativa social-democrata ao bipartidismo tradicional do país.

A corrupção também salpica alguns candidatos, como Figueres, ex-presidente e filho do mandatário que aboliu o Exército no país. Ele já foi denunciado por abuso de poder e assassinato de narcotraficantes sob custódia do Estado, além de desvio de verbas. Não houve julgamento, e ele nega as acusações.

Homem de máscara segura bandeira branca e verde
Apoiadores de José Maria Figueres, um dos favoritos no pleito deste domingo - Mayela Lopez/Reuters

Já Fabricio Alvarado disputou o pleito anterior e liderou o primeiro turno, com 24,99%. Acabou, porém, derrotado por Carlos Alvarado (não são parentes). Ele defende uma pauta ultraconservadora, contra o aborto e a chamada "ideologia de gênero".

A Costa Rica teve um bom desempenho na vacinação contra a Covid, e hoje tem 72,2% da população com duas doses e 79,7% com uma dose. No total, registrou 7.593 mortes. Embora seja considerado um dos melhores sistemas de saúde da América Central, o acesso aos serviços também é citado entre as principais preocupações dos eleitores. Segundo as sondagens, as menções se devem ao fato de ter uma população mais longeva, com expectativa de vida de 80,2 anos, portanto mais dependente do sistema.

Entre os outros candidatos na disputa estão o esquerdista José María Villalta e Rodrigo Chaves, ex-ministro de economia do atual governo.


as intenções de voto

20,8%
dos eleitores estão indecisos

18,9%
devem votar em José María Figueres (centro-direita)

18,3%
preferem Fabricio Alvarado (ultradireita)

15,3%
escolhem Lineth Saborío (direita)

Fonte: OPol

Erramos: o texto foi alterado

Fabricio Alvarado é filiado ao partido Nova República, não à Unidade Social Cristã, como dito em versão anterior deste texto.

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