Serdar Berdymukhamedov, 40, ministro da Economia do Turcomenistão, confirmou nesta segunda-feira (14) que vai concorrer à Presidência do país no mês que vem. Considerando os resultados possíveis e o sobrenome do candidato, porém, o anúncio deve ser uma mera formalidade.
Serdar é filho de Gurbanguly Berdymukhamedov, 64, ditador que está no poder desde 2007 e anunciou no fim de semana que não deve concorrer a um novo mandato depois de 15 anos à frente da ex-república soviética.
Em um país em que as instituições são fortemente controladas pelo Estado, o pleito é de fechada: o pai venceu as eleições de 2007 com cerca de 89% dos votos, foi reeleito em 2012 com 97% e, novamente com 97%, reconduzido para um terceiro mandato em 2017.
Como a urna contará com um Berdymukhamedov novamente, apenas com outro nome, o resultado em 12 de março não deve ser outro que não a vitória de Serdar.
O relatório anual Freedom in the World, que mede direitos políticos e liberdades civis de nações, deu nota 2, de um total de 100 pontos possíveis, para o Turcomenistão —a Coreia do Norte recebeu nota 3.
O país da Ásia Central é definido no documento como "um Estado autoritário repressivo, onde direitos políticos e liberdades civis são quase completamente negados na prática. As eleições são estritamente controladas, a economia é dominada pelo Estado e a corrupção é sistêmica".
Em 2021, o país ganhou uma posição no ranking da ONG Repórteres sem Fronteiras de liberdade de imprensa: subiu de 179º para 178º (de um total de 180 países), em relação ao ano anterior.
O ditador, conhecido por suas excentricidades —como a obsessão por cavalos e o costume de divulgar vídeos musicais em que ele é a principal estrela—, havia sido o dentista de seu antecessor, Saparmurat Niyazov, que o convidou para ser ministro da Saúde antes de morrer.
O filho, Serdar, foi rapidamente promovido pelo pai em cargos políticos. Foi membro do Parlamento e também governador de uma das cinco províncias turcomenas, até chegar à cadeira responsável pela Economia e também pelo setor energético do país, basicamente dedicado à exportação de gás natural —principalmente para a China, mas também para a Rússia.
Em março de 2020, Gurbanguly deu mostras de seu controle sobre o Turcomenistão: enquanto o mundo vivia os primeiros meses da pandemia da Covid-19 e já somava 800 mil contaminados e 39 mil mortos pela doença, o ditador baniu o uso da palavra coronavírus no território turcomeno.
Na ocasião, a polícia poderia prender, por exemplo, qualquer pessoa que usasse a palavra em algum local público, mesmo que fosse apenas durante uma conversa com amigos.
Embora esteja preparando a herança política para o filho, o ditador indicou que não deve abrir mão de outro cargo que acumula, o de presidente de uma das Casas legislativas do país. Seria um movimento semelhante ao feito recentemente em outra ex-república soviética, o Cazaquistão.
Por lá, Kassim-Jomart Tokaiev sucedeu o longevo ditador Nursultan Nazarbaiev, que até uma onda de protestos recentes, vivia como "pai da nação" e tinha grande poder no poderoso Conselho de Segurança do país —ele acabou removido do cargo.
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