Rússia acusa EUA de tentarem provocar conflito na Ucrânia

Chanceleres russo e americano conversam antes de telefonema entre Biden e Putin

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Kiev e Moscou | AFP

O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, acusou os EUA de quererem provocar um conflito na Ucrânia com suas declarações de uma iminente invasão russa.

Em conversa por telefone neste sábado (12) com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que precedeu o telefonema entre Vladimir Putin e Joe Biden, Lavrov ressaltou que a "campanha de propaganda lançada pelos Estados Unidos e por seus aliados sobre uma 'agressão russa' tem como fim provocar e encorajar as autoridades de Kiev" a um eventual conflito no Donbass. Nesta região no leste do país, as forças ucranianas enfrentam há oito anos os separatistas pró-Rússia apoiados por Moscou.

Ucranianos protestam contra escalada da tensão com a Rússia, neste sábado (12), em Kiev - Valentyn Ogirenko/Reuters

Blinken disse a Lavrov, por sua vez, que os canais diplomáticos permanecerão "abertos" para evitar um conflito na Ucrânia, mas que é necessário que Moscou inicie uma "desescalada", informou o Departamento de Estado.

Enquanto as investidas diplomáticas seguem e as tensões aumentam, a embaixada dos EUA na Ucrânia anunciou que decidiu retirar seu pessoal não essencial da sede em Kiev, e Moscou também informou que reduziu seu corpo diplomático no país vizinho. Alemanha, Reino Unido, Bélgica, Holanda, Canadá, Noruega, Austrália, Japão e Israel recomendaram a seus concidadãos que deixem a Ucrânia.

Moscou nega intenções de invadir o país vizinho, embora tenha posicionado mais de 100 mil soldados e equipamentos militares em diferentes pontos próximos à fronteira. Por outro lado, o Kremlin diz que pode tomar "ações militares", sem especificar quais, se o Ocidente não aceitar garantias de segurança, dentre as quais a promessa de que a Ucrânia jamais vai ingressar na Otan, aliança militar ocidental liderada pelos Estados Unidos —proposta que Washington considera inaceitável.

Neste sábado, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, disse que as advertências de um ataque russo a seu país "provocam pânico e não são úteis" e pediu provas concretas de uma invasão.

"Todas essas informações estão causando pânico e não estão nos ajudando", disse o líder ucraniano à imprensa, acrescentando que, se alguém tiver dados adicionais sobre uma invasão, deve mostrá-los.

Uma invasão russa da Ucrânia "resultaria em uma resposta transatlântica determinada, massiva e unida", garantiu o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, em um comunicado.

​Os países ocidentais querem obter da Rússia algum sinal de que favorecerá uma desescalada, mas Moscou quer que a Otan abandone qualquer eventual expansão para o Leste Europeu. Nenhum dos lados está disposto a ceder, acusando-se mutuamente de agravar as tensões.

Na sexta-feira (11), o conselheiro de Segurança Nacional de Joe Biden, Jake Sullivan, voltou a falar, sem citar evidências específicas, que a Rússia já reuniu forças suficientes para lançar uma ofensiva militar contra a Ucrânia "a qualquer momento". Segundo ele, o ataque poderia ocorrer antes mesmo do fim das Olimpíadas de Inverno, em Pequim, que terminam no próximo dia 20.

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