Descrição de chapéu oriente médio

Arábia Saudita anuncia trégua de um mês no Iêmen durante o Ramadã

Cessar-fogo é passo mais significativo nos esforços de paz em três anos

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Riad (Arábia Saudita) | Reuters

A coalizão chefiada pela Arábia Saudita, que apoia o governo iemenita contra os rebeldes houthis na guerra no Iêmen, anunciou nesta terça (29) uma trégua nas operações militares durante o mês de abril, que coincide com o Ramadã, período sagrado para os muçulmanos. O cessar-fogo, anunciado após pedido da ONU (Organização das Nações Unidas), começa às 6h desta quarta (30), no horário local.

A ONU tem trabalhado com a aliança militar liderada pela Arábia Saudita e o movimento Houthi, alinhado ao Irã, para por fim à guerra que se estende desde 2015 e que provoca uma das crises humanitárias mais graves da atualidade, com dezenas de milhares de mortos. A trégua anunciada nesta terça é o passo mais significativo nos esforços de paz em mais de três anos.

Iemenitas favoráveis aos rebeldes houthis em protesto na capital Sanaa, em 2016 - Khaled Abdullah - 28.jul.2016/Reuters

A ONU pede ainda pela liberação para navios de combustível atracarem no porto de Hudaydah, no oeste do país, controlado pelos rebeldes. Dados mais recentes, de 27 de março, apontam para quatro navios de combustível esperando autorização do porto, incluindo um navio-tanque preso há quase três meses.

A proposta de trégua também inclui a liberação de um pequeno número de voos comerciais a partir do aeroporto da capital, Sanaa, disseram fontes familiarizadas com o assunto. O terminal está fechado desde 2015, quando a coalizão interveio depois que os houthis derrubaram o governo de Abd-Rabbu Mansour Hadi, em 2014. A coalizão saudita controla os mares e o espaço aéreo do Iêmen.

O plano foi elaborado pelo enviado especial da ONU para o Iêmen, Hans Grundberg, e é apoiado pelos Estados Unidos e outras potências ocidentais, disseram fontes ouvidas pela agência Reuters.

Nesta terça, a Arábia Saudita recebeu grupos aliados envolvidos na guerra, mas os houthis disseram que não participarão das negociações, a menos que sejam realizadas em um país neutro. Os diálogos acontecem no Conselho de Cooperação do Golfo, com sede na capital saudita, e devem levar mais de uma semana. Em comunicado na semana passada, os houthis descreveram os esforços da ONU como positivos.

Desde o ano passado, a ONU e os Estados Unidos tentam garantir uma trégua permanente, mas diferenças a respeito da forma como esse cessar-fogo ocorreria impediram o avanço nas negociações. Os houthis querem que a coalizão liderada pela Arábia Saudita suspenda as restrições aos portos marítimos e ao aeroporto de Sanaa antes de uma trégua, enquanto a aliança saudita defende que isso aconteça simultaneamente ao cessar-fogo.

No sábado (26), os rebeldes houthis haviam anunciado de forma unilateral que iriam suspender os ataques à Arábia Saudita, bem como as ofensivas terrestres no Iêmen, por três dias.

Nos últimos meses, o grupo intensificou ataques com mísseis e drones a instalações petrolíferas sauditas. Na sexta (25), um desses atentados provocou um grande incêndio em tanques de armazenamento de combustível. A coalizão retaliou no domingo com ataques aéreos em Hudaydah e Sanaa, onde oito pessoas foram mortas, incluindo cinco mulheres e duas crianças.

No domingo (27), um acordo de troca de prisioneiros foi acertado entre as duas partes, de acordo com autoridades houthis –que afirmam também que a ação, que acontece sob orientação da ONU, pode libertar o irmão do presidente iemenita e um ex-ministro da Defesa.

A guerra do Iêmen é vista como uma batalha por procuração entre a Arábia Saudita, país muçulmano sunita, e o Irã, xiita. O conflito já deixou mais de 10 mil crianças iemenitas mortas ou mutiladas, segundo o Unicef (fundo da ONU para a infância).

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