Descrição de chapéu China

Chuva e lama atrapalham buscas de vestígios de avião que caiu na China

Aeronave com 132 pessoas protagonizou acidente em área montanhosa no sudeste do país

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Wuzhou (China) | AFP e Reuters

Equipes de resgate enfrentavam nesta terça (22) chuva e lama na busca de vestígios das 132 pessoas a bordo do Boeing 737-800 da China Eastern que caiu em uma área montanhosa no sudeste da China.

Além de rastros das vítimas, as equipes procuram as caixas-pretas, dispositivos que guardam dados do voo e registros de áudio da cabine do piloto, na tentativa de entender a causa do acidente. Com os dados disponíveis até o momento não é possível saber o motivo da queda do avião, disse a jornalistas Zhu Tao, diretor de segurança aérea da Administração de Aviação Civil da China​, que regula o setor.

As esperanças de encontrar sobreviventes são praticamente nulas um dia após o acidente, que deve ser a catástrofe aérea com o maior número de mortes na China em quase três décadas.

Equipes fazem buscas em local de acidente da China Eastern Airlines, que caiu com 132 pessoas a bordo - CNS/AFP

As perguntas se acumulam sobre os motivos da queda da aeronave, que perdeu mais de 26 mil pés (quase 8.000 metros) em dois minutos, antes de cair numa região montanhosa na tarde de segunda (21), ainda madrugada no Brasil. Ela viajava entre as cidades de Kunming, no sudoeste, e Guangzhou, no sul.

A empresa aérea reconheceu que pessoas a bordo do voo morreram, mas não divulgou detalhes. "A companhia expressa profundas condolências pelos passageiros e pelos membros da tripulação que morreram no acidente", afirmou a China Eastern em um comunicado divulgado na noite de segunda.

O líder do regime chinês, Xi Jinping, ordenou uma investigação detalhada sobre as causas do acidente, e a imprensa estatal afirmou que o vice-primeiro-ministro Liu He, muito próximo a Xi e que atua mais em questões econômicas, foi enviado à região para supervisionar as tarefas de resgate e apuração.

Cerca de 600 socorristas, bombeiros e agentes de unidades de emergência foram deslocados para o local, na zona rural da província de Guangxi. Entre pedaços queimados do avião e rastros do incêndio florestal, um deles afirmou que os passageiros podem ter sido "totalmente incinerados".

Partes da aeronave ficaram espalhadas pelas encostas carbonizadas. Restos queimados de documentos de identidade e carteiras também foram localizados, segundo a mídia estatal.

O local do acidente é cercado por montanhas, com apenas uma pequena trilha de acesso, e escavadeiras trabalham para abrir caminho até o ponto em que a aeronave caiu. "O avião foi seriamente danificado na queda, e a investigação enfrenta um nível muito alto de dificuldade", disse Zhu Tao.

A previsão é de chuva na região nesta semana. A polícia montou um posto de controle na vila de Lu, próximo à área do acidente, e impediu a entrada de jornalistas. Moradores da região se reuniram nesta terça-feira para uma pequena cerimônia budista perto da área do acidente.

O desastre aconteceu após uma queda vertical em alta velocidade, de acordo com um vídeo divulgado pela imprensa chinesa. O voo MU5735, que decolou de Kunming pouco depois das 13h (2h de Brasília), "perdeu contato quando estava sobrevoando a cidade de Wuzhou", de acordo com um comunicado da Administração da Aviação Civil da China. ​

Segundo o rastreador de voos especializado FlightRadar24, a aeronave perdeu quase 21.250 pés (6.477 metros) em apenas um minuto antes de desaparecer dos monitores de radar. Depois, após uma breve subida, despencou novamente, a 1.410 metros, para 983 metros acima do solo. A aeronave desapareceu dos radares às 14h22 (3h22 de Brasília).

Jean-Paul Troadec, ex-diretor do Escritório de Investigação e Análises de Segurança Aérea da França, afirmou à agência de notícias AFP que é cedo para tirar conclusões, mas que os dados do FlightRadar são "muito incomuns". Especialistas consultados pela Folha também disseram que a trajetória do avião chama a atenção.

Dan Elwell, ex-chefe da Administração Federal de Aviação, a agência reguladora dos EUA, disse à agência de notícias Reuters que "acidentes que começam na altitude de cruzeiro geralmente são causados ​​por clima, sabotagem deliberada ou erro do piloto".

Nos últimos anos, a China se destacou por padrões de segurança da aviação rígidos, apesar do rápido e amplo crescimento do setor nas últimas décadas. A imprensa estatal informou que a China Eastern suspendeu os voos com os modelos Boeing 737-800. Em um comunicado, a fabricante americana afirmou que tenta "reunir mais informações" sobre o acidente.

O acidente de voo comercial com mais vítimas fatais na China aconteceu em 1994, quando a queda de uma aeronave da China Northwest Airlines provocou a morte das 160 pessoas a bordo.

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