Descrição de chapéu Guerra na Ucrânia Rússia

Rússia diz que não pretende derrubar governo da Ucrânia; guerra completa 2 semanas

Países anunciam novo cessar-fogo para garantir retirada de civis por corredores humanitários

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São Paulo | Reuters

A invasão russa da Ucrânia não tem entre seus objetivos derrubar o governo do presidente Volodimir Zelenski, afirmou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, nesta quarta-feira (9), dia em que a guerra completa duas semanas.

A fala demonstra certa mudança no tom adotado sobretudo no começo da guerra, iniciada na madrugada de 24 de fevereiro pelo presidente Vladimir Putin com o objetivo declarado de "desnazificar" a Ucrânia, em meio a acusações de que a gestão Zelenski tinha associações com grupos neonazistas.

O líder ucraniano vem afirmando ser o "alvo número 1" russo e que pode ser morto a qualquer momento.

Prédio residencial em Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia, destruído após bombardeio
Prédio residencial em Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia, destruído após bombardeio - Serguei Bobok - 8.mar.22/AFP

Na segunda-feira (7), o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, listou à agência de notícias Reuters condições para o fim da guerra, que não incluíam a queda de Zelenski. Segundo ele, a operação almeja que a Ucrânia se renda militarmente; mude sua Constituição para garantir que nunca irá integrar a Otan (aliança militar ocidental) ou a União Europeia; e reconheça a Crimeia anexada em 2014 como russa, e as regiões separatistas do Donbass, no leste, como independentes.

Zakharova defendeu nesta quarta que a guerra tem saído conforme o planejado, contrariando analistas que apontam dificuldades maiores do que as previstas pelos russos a princípio. Ela afirmou também que a Rússia nunca ameaçou a Otan, mas que o país deve reagir aos "movimentos de confronto" da aliança.

Em entrevista cheia de denúncias contra países ocidentais, que fecharam o cerco contra Moscou, a porta-voz ainda acusou os EUA de financiarem laboratórios na Ucrânia para desenvolver "componentes de armas biológicas", nos quais haveria amostras de cólera e antrax, entre outros elementos letais. Um porta-voz do Pentágono afirmou que "essa desinformação russa absurda é patentemente falsa".

Nesta quarta, a operadora ucraniana de energia Ukrenergo afirmou que a produção da usina de Tchernóbil, origem da pior catástrofe nuclear civil, em 1986, "está totalmente desconectada da rede de energia elétrica devido às ações militares dos ocupantes russos". "O local não tem mais fornecimento de energia elétrica."​

O décimo quarto dia de guerra começou com a promessa de um novo cessar-fogo temporário para permitir a saída de civis. As outras tréguas anunciadas até aqui não foram respeitadas, deixando centenas de milhares de pessoas presas em cidades sitiadas, sem acesso a água potável e medicamentos.

A Rússia prometeu respeitar uma trégua das 9h às 21h do horário local (4h às 16h no horário de Brasília) desta quarta-feira. Nesta manhã, a vice-primeira-ministra ucraniana, Irina Vereschuk, afirmou que os dois lados do conflito concordaram com o cessar-fogo.

O anúncio de trégua desta quarta foi semelhante ao de terça (8), que prometia a fuga segura pelas cidades de Kiev, Kharkiv, Chernihiv, Sumi e Mariupol.

Pela tarde, porém, a Ucrânia acusou os russos de violarem o cessar-fogo em Kharkiv e em Mariupol.

Em Mariupol, houve bombardeios intensos, e autoridades ucranianas afirmam que a Rússia bombardeou uma maternidade e hospital infantil, além de outras áreas. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, negou que Moscou mire alvos civis.

Há mais de uma semana, onde a Cruz Vermelha descreve a situação dos civis no local como apocalíptica. Moradores se abrigam nos subsolos para se proteger dos bombardeios constantes, sem acesso a comida, água, energia ou aquecimento e sem poder retirar os feridos.

Na capital Kiev, por ora não houve bombardeio da mesma proporção, mas ucranianos se preparam para a defesa da cidade cercada por tropas russas, na expectativa de um possível ataque mais intenso.

​O governo em Kharkiv denunciou que bombardeios russos prejudicaram a retirada de civis da cidade de Izium, e que ônibus estavam parados esperando para sair com a ajuda da Cruz Vermelha. ​

Nas duas maiores cidades da Ucrânia, Kiev e Kharkiv, a oferta de corredores humanitários do governo russo forçaria os civis a irem para a própria Rússia ou à sua aliada Belarus, propostas rejeitadas pelo governo ucraniano.

Nesta quarta, Zelenski afirmou que só o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia pode evitar uma catástrofe humanitária, que seria de responsabilidade da comunidade internacional.

"A Rússia usa mísseis, aviões e helicópteros contra nós, contra civis, contra nossas cidades, contra nossa infraestrutura. É dever humanitário do mundo responder", disse o líder ucraniano, em discurso na TV.

Mais de 2 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia desde que Putin invadiu o país, há duas semanas. A guerra rapidamente lançou a Rússia em um isolamento econômico nunca antes visto em um mercado desse porte. Os Estados Unidos anunciaram na terça a proibição de importações de petróleo russo.

Empresas ocidentais também têm se retirado do mercado russo, como Starbucks, Coca-Cola e Pepsi. A mais simbólica, no entanto, é o McDonald's, que anunciou na terça-feira o fechamento de seus quase 850 restaurantes no país. A primeira loja russa da rede, que atraiu enormes filas para a praça Púchkin, em Moscou, quando foi inaugurada em 1990, foi um emblema do fim da Guerra Fria.

Nesta quarta, a União Europeia anunciou novas sanções, agora contra 160 parlamentares e oligarcas russos, além da proibição de exportação de tecnologia marítima para a Rússia e a inclusão de criptoativos na lista de bens congelados.​

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