Venezuela solta dois presos americanos após encontro com delegação dos EUA

Biden baniu petróleo russo e iniciou movimento para tentar se reaproximar de venezuelanos

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Washington | Reuters

A Venezuela libertou nesta terça (8) ao menos dois cidadãos dos EUA que estavam detidos no país.

Uma das pessoas liberadas foi Gustavo Cárdenas, um dos seis executivos da Citgo, subsidiária da petroleira venezuelana PDVSA nos EUA, presos por Caracas em 2017 sob acusação de crimes financeiros.

O outro é o cubano-americano Jorge Alberto Fernández, turista acusado de terrorismo em 2021, num episódio sem nenhuma relação com o primeiro caso. Não há informações sobre o paradeiro dos prisioneiros liberados. "Dois americanos que foram detidos injustamente na Venezuela poderão abraçar suas famílias mais uma vez", disse o presidente americano, Joe Biden, em comunicado.

O presidente dos EUA, Joe Biden
O presidente dos EUA, Joe Biden - Kevin Lamarque - 28.fev.2022/Reuters

O gesto de Caracas se dá dias depois de uma delegação dos EUA fazer uma visita ao país. A viagem dos enviados de Joe Biden no último fim de semana tratou principalmente da possibilidade de afrouxar as atuais sanções que os americanos impõem ao petróleo do país.

Desde a administração Donald Trump a Venezuela está proibida de vender o produto para os americanos. Autoridades da gestão Biden dizem, porém, que a libertação desses dois presos não faria parte de um acordo para reiniciar a comercialização entre os países —há pelo menos mais oito cidadãos dos EUA detidos na Venezuela sob acusações relacionadas a terrorismo, segundo o New York Times.

Nesta terça, os EUA decidiram banir a importação de gás, carvão e do petróleo da Rússia, em represália pela invasão na Ucrânia. A guerra no Leste Europeu e as muitas sanções comerciais impostas pelo Ocidente a Moscou desencadeiam uma crise que já se faz sentir nos postos de combustível americanos —recordes de preços da gasolina foram registrados em estados como a Califórnia.

Assim, a viagem teve como intuito também a reaproximação com a Venezuela, país que, além de não ter laços diplomáticos com os EUA e ser aliado da Rússia, concentra a maior reserva de petróleo do mundo.

As relações bilaterais entre Washington e Caracas estão estremecidas desde a ascensão de Hugo Chávez ao poder, em 1999. A tensão chegou ao nível mais alto sob o governo Trump (2017-2021), que tentou derrubar a ditadura de Nicolás Maduro ao reconhecer o líder opositor Juan Guaidó como presidente.

Por outro lado, Venezuela e Rússia mantêm relações próximas há décadas. Na área militar, por exemplo, Moscou vendeu caças Sukhoi Su-30 e enviou uma frota da Marinha para a realização de exercícios militares no Caribe. Na ONU, o governo Maduro não votou na sessão que condenou a invasão russa à Ucrânia, mas por estar com dívidas com a organização.

Na semana passada, a Casa Branca renovou por um ano uma ordem executiva de "emergência nacional" com relação à Venezuela, sob a justificativa de que a perseguição política e à liberdade de imprensa e a deterioração dos direitos humanos continuam em níveis críticos, representando uma "ameaça incomum e extraordinária para a segurança nacional e a política externa dos EUA".

Como resposta ao gesto de Biden e à visita da delegação, que marcou a retomada das conversas de alto nível entre os dois países, Maduro disse na segunda-feira (7), em discurso na TV, que tem interesse em se reaproximar dos EUA. "Tivemos uma reunião, posso classificá-la de respeitosa, cordial, muito diplomática", disse, em uma reunião de gabinete. "Lá estavam as bandeiras dos EUA e da Venezuela e se viam muito bonitas. As duas bandeiras, unidas, como devem estar."

O ditador também anunciou a retomada das negociações com a oposição, no México, sob a mediação da Noruega. O diálogo estava suspenso desde a captura em Cabo Verde e extradição para os EUA de Alex Saab, operador do regime, em novembro. Na segunda, o ditador classificou o processo de "duro golpe".

Cárdenas e os demais executivos da Citgo vinham recebendo diferentes formas de tratamento na Venezuela, que variavam de acordo com o clima da relação entre os dois países. Eles passaram por centros de detenção e momentos de prisão domiciliar. Desde o último ano, os seis estariam em uma única cela, em uma prisão subterrânea da polícia secreta venezuelana.

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