Descrição de chapéu indústria

Tailândia libera cultivo de maconha e consumo apenas em alimentos e bebidas

País asiático mantém restrições a quem fumar a erva, mas incentiva plantio para dinamizar agricultura e turismo

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Bancoc | Reuters

Com o objetivo de dinamizar as áreas de agricultura e de turismo, a Tailândia legalizou nesta quinta-feira (9) o cultivo e o consumo de maconha em alimentos e bebidas, tornando-se assim o primeiro país asiático a tomar essa decisão. Fumar a erva, no entanto, ainda é considerado algo contrário à lei.

Clientes formaram filas em frente a lojas que vendem doces e drinques à base da infusão de cânabis, enquanto ativistas festejaram a decisão num país de leis antidrogas severas. Por outro lado, com tradição no uso da erva para amenizar dores, a Tailândia já havia legalizado a maconha medicinal em 2018.

Pedestre passa em frente a loja que vende doces feitos com cânabis em Bagcoc, na Tailândia
Pedestre passa em frente a loja que vende doces feitos com cânabis em Bagcoc, na Tailândia - Athit Perawongmetha - 8.jun.22/Reuters

Em frente a um estabelecimento em Bagcoc, Rittipong Dachkul, 24, aguardava desde a noite de quarta para comprar sua primeira maconha legal. "Agora é fácil encontrar, não temos de nos preocupar com a procedência, mas não faço ideia de qual é a qualidade", disse ele, referindo-se à potência dos produtos.

O governo, apostando na maconha como um ativo comercial, planeja doar um milhão de mudas da planta para incentivar agricultores a cultivá-la. "Depois da Covid, com a economia indo pelo ralo, realmente precisamos disso", disse Chokwan Kitty Chopaka, dono de uma loja que vende balas de goma de cânabis.

Autoridades, porém, querem evitar uma explosão do uso recreativo da maconha. A posse e a venda de extratos da planta com mais de 0,2% de um de seus componentes psicoativos, o tetrahidrocanabinol (THC), não são permitidas, ou seja, usuários da droga terão dificuldades para alterar a consciência.

"Plantas com 0,2% de THC são consideradas de baixa potência, então você teria de consumir muitas para se inebriar", disse Suphamet Hetrakul, cofundador do Teera Group, que cultiva maconha para uso médico.

Aqueles que violarem a lei podem enfrentar detenção e multas. Segundo o jornal britânico The Guardian, autoridades já alertaram que qualquer pessoa que gerar odor de maconha em público pode ser punida.

Quem quiser plantar maconha terá de se registrar em um aplicativo do governo chamado PlookGanja, ou cultive ganja. Cerca de 100 mil pessoas já se cadastraram no programa, segundo o Ministério da Saúde.

Suphamet, do Teera Group, manifestou preocupações em relação ao controle de qualidade dos novos cultivadores. "Será difícil controlar o nível de THC e de outros elementos contaminantes em seus produtos, o que pode ser perigoso para os consumidores", afirmou ele.​

A Tailândia disse ter aprovado 1.181 itens com extratos de cânabis, incluindo cosméticos e comidas. A expectativa é a de que a indústria gere 15 bilhões de bahts (R$ 2,12 bilhões) até 2026. Grandes empresas também se interessaram pelo negócio. O conglomerado Charoen Pokphand Foods e a companhia de energia Gunkul Engineering se uniram para produzir bebidas e alimentos baseados na planta.

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