O número de pessoas que morreram na Índia depois de um incidente com bebida alcoólica adulterada subiu para 42, afirmou a polícia nesta quinta-feira (28), e ao menos 97 foram hospitalizadas nos distritos de Botad e Ahmedabad, no estado de Gujarate.
O caso estourou na última segunda (25) em Ahmedabad, e as vítimas seriam, em sua maioria, trabalhadores agrícolas. A polícia local destacou cerca de cem agentes para descobrir se há outras pessoas afetadas que ainda não buscaram tratamento adequado.
Um porta-voz da corporação disse ainda que algumas das mortes foram de pessoas que estavam hospitalizadas em estado crítico.
De acordo com o diretor-geral da polícia de Gujarat, Ashish Bhatia, um carregamento de metanol (álcool metílico industrial) foi roubado de uma unidade química e usado na produção de uma espécie de licor. As vítimas teriam ingerido o produto adulterado imaginando que fosse uma bebida alcoólica regular.
"O crime foi desvendado em menos de 24 horas", afirmou Bhatia. Treze pessoas estão sendo investigadas, das quais seis já foram detidas. Mais apurações serão realizadas, de acordo com a corporação.
O metanol, também conhecido como álcool de madeira, está presente na formulação de removedores de tinta, vernizes, combustíveis de aviação, anticongelantes e outros produtos químicos. Mesmo em pequenas doses pode levar à morte em caso de ingestão. Na Índia, a comercialização de bebidas alcoólicas é proibida, a menos que se obtenha uma autorização para consumo, cedida pelo governo. Mesmo nesses casos, o produto costuma ter preços altos, o que dificulta ainda mais o acesso.
Devido às restrições, uma indústria paralela ilegal surgiu, com ramificações em todo o país. Sem pagar impostos e vendendo grandes quantidades a preços baixos, contrabandistas apresentam grandes lucros.
Dos 5 bilhões de litros de licor consumidos a cada ano no país, cerca de 40% vêm da indústria ilegal, segundo a Associação Internacional de Bebidas e Vinhos da Índia. Nesse cenário, mortes por ingestão de substâncias ilegais e licores caseiros —"hooch", como chamam os indianos— passaram a ser comuns no país. O álcool ilegal é barato e muitas vezes adulterado com produtos químicos como pesticidas.
Só em 2020, ao menos 120 pessoas morreram depois de terem ingerido bebidas alcoólicas contaminadas somente no estado do Punjab, no norte da Índia.
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