Índia elege à Presidência Draupadi Murmu, mulher de etnia marginalizada

Escolha teve apoio de partido do premiê Narendra Modi, mas deve ter impacto limitado para comunidade santal; cargo é mais cerimonial

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Nova Déli | AFP e Reuters

Em um pleito considerado histórico, a professora Draupadi Murmu, 64, pertencente a uma etnia marginalizada da Índia, foi eleita presidente do país nesta quinta-feira (21), em uma votação no Parlamento. Ela será a segunda mulher a ocupar o cargo e a primeira originária de uma tribo.

Com apoio do BJP (Partido do Povo Indiano, em português), legenda do premiê Narendra Modi, a presidente eleita angariou os votos de mais da metade dos deputados, segundo resultados parciais divulgados pela Comissão Eleitoral. Ao menos 4.500 parlamentares participaram da sessão.

Murmu pertence à tribo santal, que tem aproximadamente 7,4 milhões de membros espalhados principalmente por Índia, Bangladesh e Nepal. Após a divulgação do resultado, Modi parabenizou a nova presidente e afirmou que seu "sucesso exemplar" motiva os indianos. "Ela surgiu como um raio de esperança para nossos cidadãos, especialmente os pobres, marginalizados e oprimidos."

Draupadi Murmu é cercada por apoiadores em Nova Déli após ser eleita presidente da Índia nesta quinta
Draupadi Murmu é cercada por apoiadores em Nova Déli após ser eleita presidente da Índia nesta quinta - AFP

Nascida em Mayurbhanj, no estado de Odisha, Murmu lecionou e participou ativamente de questões comunitárias antes de ingressar na carreira política. Ela ocupou cargos em administrações regionais e foi governadora de Jharkhand. "Como mulher tribal do remoto distrito de Mayurbhanj, não pensava em me tornar candidata [à Presidência]", disse ela, ao oficializar a candidatura.

Murmu, porém, logo foi apontada como favorita devido à força do BJP e de seus aliados, tanto no Parlamento quanto nas assembleias estaduais. Seu principal adversário, o opositor Yashwant Sinha, ex-ministro das Finanças e das Relações Exteriores, admitiu a derrota e parabenizou a presidente eleita. "A Índia espera que, como 15ª presidente da República, proteja a Constituição sem medo", disse.

Apesar do peso simbólico da indicação, o cargo de presidente na Índia é em grande parte cerimonial. Analistas afirmam ainda que a eleição não deve ter impacto significativo para a comunidade santal, há muito vivendo à margem da sociedade.

O presidente indiano atua como comandante supremo das Forças Armadas, mas o premiê detém poderes executivos. Murmu, que substituirá Ram Nath Kovind, deve assumir o cargo na próxima segunda-feira (25) para um mandato de cinco anos. Antes dela, a primeira mulher a ocupar a Presidência da Índia foi Pratibha Patil, que governou de 2007 a 2012.

O apoio do BJP à Murmu é tido como um aceno do partido às comunidades tribais, que compreendem mais de 8% de um total de 1,4 bilhão de pessoas na Índia, visando às eleições gerais previstas para 2024.

"O BJP vai querer compensar qualquer anti-incumbência dos últimos dez anos em 2024, e uma das maneiras de fazer isso é buscar uma nova base de votos", disse a colunista política Neerja Choudhary à agência de notícias Reuters.

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