Vídeo inédito exibido pelo comitê da Câmara dos EUA que investiga a invasão do Capitólio mostra que Donald Trump não quis admitir a derrota para Joe Biden um dia após o episódio em Washington.
"Não quero dizer que a eleição acabou", disse o ex-presidente americano nos bastidores da gravação realizada no dia 7 de janeiro do ano passado e exibida pela primeira vez nesta quinta-feira (21). "Eu apenas quero dizer 'o Congresso certificou o resultado' sem dizer que a eleição acabou, ok?", completou ele.
Manifestantes invadiram o Capitólio minutos após o republicano, durante ato em Washington, insuflar ativistas a se dirigirem até a sede do Legislativo dos EUA. A ação obrigou Câmara e Senado a trancarem as portas e a paralisarem a sessão que confirmou a vitória de Joe Biden nas eleições realizadas em 2020.
O ataque é investigado pelo comitê da Câmara, que busca esclarecer o papel de figuras públicas e de manifestantes no episódio, um dos maiores ataques da história à democracia americana. "Um dia depois de incitar uma insurreição baseada em uma mentira, Trump não conseguiu dizer que a eleição havia acabado", disse a deputada Elaine Luria, nesta quinta, na oitava audiência pública realizada pelo comitê.
Bennie Thompson, presidente do órgão, por sua vez, afirmou que o republicano "abriu o caminho da anarquia e da corrupção". "[Trump] tentou destruir nossas instituições democráticas", disse o democrata.
Integrantes da comissão afirmaram que o ex-presidente tinha poder para desmobilizar a multidão, mas não o fez. Pelo contrário, o ex-presidente ainda ligou para parlamentares republicanos numa tentativa de convencê-los a atrasar a contagem de votos, de acordo com Luria.
Segundo a investigação, Trump ficou na sala de jantar da Casa Branca acompanhando o ataque pela televisão. "[Enquanto isso,] sua equipe, conselheiros mais próximos e familiares imploravam que ele fizesse o que se espera de qualquer presidente americano", afirmou a deputada democrata.
Thompson voltou a dizer que todos os responsáveis pelo ataque terão de "responder pelos atos perante a Justiça". "Isso terá sérias consequências, ou então temo que nossa democracia não se recupere."
Em depoimento gravado, o ex-conselheiro da Casa Branca Pat Cipollone foi questionado sobre as ações de Trump no dia. Ele respondeu que o republicano não tomou qualquer providência para conter o episódio de violência, como ligar para o procurador-geral ou o secretário de Defesa americano.
Uma testemunha anônima, descrita como funcionária da Casa Branca, relatou que agentes do Serviço Secreto, temendo por suas vidas, ligaram para seus familiares para se despedir durante o ataque.
O comitê ouviu nesta quinta Matthew Pottinger, que serviu no Conselho de Segurança Nacional, e a ex-secretária adjunta de imprensa da Casa Branca Sarah Matthews. Ambos renunciaram após o 6 de Janeiro.
Mais de 850 pessoas foram presas devido ao ataque, que deixou cinco mortos e 140 policiais feridos.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.