Saiba quem são os candidatos para substituir Boris Johnson no Reino Unido

Premiê renuncia em meio a escândalos e deserções, mas permanece no cargo até que novo líder do Partido Conservador seja escolhido

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Londres | Reuters

​A lista de interessados em ocupar o lugar de Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido que anunciou a renúncia na última quinta (7), ganhou corpo neste sábado (9) e domingo (10), em meio a especulações sobre a definição dos parâmetros para a escolha, feita por um colegiado do Partido Conservador.

Após uma avalanche de crises ao longo do mandato e abandonado inclusive por aliados, Boris indicou que permanecerá no cargo até que um novo líder da legenda seja escolhido —a pessoa que ocupar esse posto será alçada à chefia de Downing Street, sede do governo, já que o partido tem maioria no Parlamento.

Os postulantes deverão se submeter a um processo de seleção que envolve uma série de votações no chamado Comitê 1922, até que restem apenas dois nomes. É então que todos os filiados do partido votam nos finalistas. Neste domingo, um porta-voz do colegiado disse que as candidaturas serão aceitas até a noite de terça (12), com a votação final ocorrendo até o dia 21. Segundo a imprensa local, parlamentares têm feito pressão para que o processo seja concluído da forma mais ágil possível.

Gato é visto setando em um degrau em frente à entrada de uma residência; Downing Street é a moradia oficial do premiê britânico
Downing Street, a residência oficial do premiê britânico - Carlos Jasso/AFP

O sábado e o domingo foram marcados por nomes confirmando o interesse em concorrer —mas também declinando da possibilidade, como foi o caso do atual secretário de Defesa, Ben Wallace, antes tido como favorito para a indicação. Saiba quem devem ser os principais envolvidos na disputa.

Grant Shapps

Secretário de Transportes desde 2019, deu declarações afirmando que, caso eleito, seus objetivos seriam reduzir impostos e reverter a crise do custo de vida. Também serviu como secretário durante o mandato do premiê David Cameron (2010-2016) e foi vice-presidente do Partido Conservador. Parlamentar desde 2005, foi aliado de Boris e tem graduação em negócios e finanças.

Nadhim Zahawi

Antes responsável pela pasta de Educação, foi nomeado secretário das Finanças depois de o titular renunciar na recente onda de turbulência que atingiu o governo britânico no início deste mês. Antes, no fim de 2020, foi o secretário responsável pela implantação da campanha de vacinação contra Covid. Nasceu no Iraque e emigrou ainda criança com a família para o Reino Unido fugindo do regime de Saddam Hussein. Fundou a empresa de pesquisa YouGov nos anos 2000.

Tom Tugendhat

Tornou-se deputado em 2015 e é o atual presidente da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento. Foi soldado das Forças Armadas, tendo servido no Iraque e no Afeganistão. Lançou sua candidatura com um artigo no jornal Daily Telegraph, propondo-se a unir um país dividido pelo brexit.

Liz Truss

É a segunda mulher a liderar a pasta de Relações Exteriores, segundo a rede BBC, e foi eleita deputada pela primeira vez em 2010. De acordo com o jornal Guardian, deve prometer diminuir as cargas de impostos. Truss cultiva com cuidado sua imagem e já posou em um tanque emulando um registro da primeira-ministra Margaret Thatcher.

Sajid Javid

O ex-secretário da Saúde ajudou a desencadear a crise de demissões do governo britânico quando renunciou a seu cargo nesta semana. Ocupou diferentes cargos no gabinete de Boris Johnson e também de seus antecessores, entre eles David Cameron (2010-2016). É filho de imigrantes paquistaneses e, segundo o jornal The New York Times, tornou-se o primeiro representante de uma minoria étnica a ocupar o cargo de secretário do Interior, em 2018.

Rishi Sunak

Ao lado de Javid, foi um dos membros experientes da gestão Boris a renunciar no momento mais recente da crise. Anunciou sua candidatura com um vídeo no qual prometeu enfrentar o difícil cenário econômico com "honestidade, seriedade e determinação". Sunak foi nomeado secretário das Finanças no início de 2020 e foi elogiado por um pacote de resgate econômico para combater a crise causada pela pandemia.

Kemi Badenoch

Parlamentar desde 2017, teve cargos menores no governo, incluindo o de secretária de Estado para Igualdade, sem ter chegado a integrar o gabinete. Também fez parte do Legislativo londrino. É um dos nomes de menor projeção na disputa.

Suella Braverman

Procuradora-geral do Reino Unido, foi criticada depois de o governo tentar quebrar um acordo sobre o brexit tratando de regras comerciais com a Irlanda do Norte. Atuou no departamento do brexit na gestão de Theresa May, tendo renunciado com críticas à atuação da então primeira-ministra.

Jeremy Hunt

Ex-secretário de Relações Exteriores, foi derrotado por Boris na escolha do líder do partido em 2019. Ele confirmou a intenção de concorrer ao posto ao jornal britânico Telegraph. "É muito simples por que eu quero fazer isso", disse. "É porque temos que restaurar a confiança, fazer crescer a economia e vencer as próximas eleições."

Penny Mordaunt

Atualmente com um cargo na pasta de Finanças, foi secretária de Defesa na gestão de Theresa May. A deputada de 49 anos se lançou à disputa neste domingo com uma mensagem no Twitter. "Nossa liderança precisa mudar. Precisa se tornar um pouco menos sobre o líder e muito mais sobre o navio", escreveu.

Rehman Chishti

O parlamentar britânico é deputado eleito continuamente desde 2010 pelo Partido Conservador. Ele, que nasceu no Paquistão e deixou o país aos seis anos, foi conselheiro político de 1999 a 2007 da primeira-ministra paquistanesa Benazir Bhutto (1953-2007), que morreu em um atentado.

Neste sábado, o secretário de Defesa Ben Wallace afirmou que não vai concorrer ao posto de primeiro-ministro. "Após cuidadosa consideração e discussão com colegas e familiares, tomei a decisão de não entrar na disputa pela liderança do Partido Conservador", escreveu no Twitter. "Não foi uma escolha fácil, mas meu foco está no meu trabalho atual e em manter o país seguro."

Segundo pesquisa do instituto YouGov divulgada na quinta-feira (7), Wallace seria favorito na disputa; o levantamento ouviu 716 membros do Partido Conservador entre 5 e 6 de julho. Ele ganhou projeção nos últimos meses por comandar a Defesa britânica em meio à Guerra da Ucrânia —Londres tem sido um dos principais protagonistas na diplomacia em torno do conflito.

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