Ataque suicida em escola no Afeganistão mata pelo menos 20 pessoas

Centro educacional dá aulas para jovens do ensino médio; nenhum grupo assumiu autoria do atentado

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Cabul | Reuters

Um ataque suicida em um centro educacional na capital do Afeganistão, Cabul, matou pelo menos 20 pessoas e feriu 27 nesta sexta-feira (30), de acordo com autoridades locais. A Missão de Assistência às Nações Unidas no Afeganistão afirma que esse número pode ter sido ainda maior, com 24 mortos e 36 feridos. Nenhum grupo reivindicou a responsabilidade pelo atentado até agora.

Muitos dos que vivem na área onde ocorreu a explosão são de uma minoria muçulmana de maioria xiita conhecida como hazara, alvo de ataques anteriores do grupo extremista Estado Islâmico.

Paredes e bancos danificados por atentado com bomba em escola de Cabul, no Afeganistão - 30.set.22/AFP

Segundo um porta-voz da polícia, Khalid Zadran, o atentado mirou uma escola particular no momento de uma prova. As escolas geralmente fecham no Afeganistão às sextas-feiras, um dia sagrado para os muçulmanos. "Atacar alvos civis prova a crueldade desumana do inimigo e a falta de padrões morais", disse, sem especificar quem se acredita estar por trás do ataque.

O número oficial de mortos provavelmente aumentará. Um representante do Talibã contabilizou ao menos 33, sendo alguns estudantes do sexo feminino. A idade das vítimas não está clara, mas a escola prepara adolescentes dos anos finais do ensino médio para a entrada em universidades.

Ghulm Sadiq, um morador local, disse que estava em casa quando ouviu um som alto e saiu para ver a fumaça subindo do prédio da escola. Ele e os vizinhos correram para ajudar. "Meus amigos e eu conseguimos transportar cerca de 15 feridos e 9 cadáveres. Outros corpos estavam sob cadeiras e mesas dentro da sala de aula", afirmou.

Encarregada de negócios dos Estados Unidos no Afeganistão, Karen Decker condenou a explosão. "Ter como alvo uma sala cheia de alunos fazendo provas é vergonhoso; todos os alunos deveriam poder ser educados em paz e sem medo", disse ela em uma mensagem no Twitter.

Escolas secundárias para mulheres foram fechadas em Cabul nos últimos meses, depois que o Talibã assumiu o controle do Afeganistão em agosto do ano passado, com a saída das tropas americanas. O grupo havia dito inicialmente que deixaria os colégios abertos, mas no fim proibiu as mulheres de estudar. Contudo, moradores da capital e funcionários da educação afirmam que as alunas ainda podem frequentar centros de aulas particulares.

Nos últimos tempos, houve uma série de explosões em mesquitas e áreas civis, o que contradiz a promessa do Talibã de proteger o país após décadas de guerra.

As ações geralmente são direcionadas contra minorias como os xiitas —mas também contra os talibãs— e com frequência ocorrem às sextas-feiras, como foi o caso de uma explosão do lado de fora de uma mesquita que matou 18 pessoas no início de setembro.

Em meados de agosto, um homem-bomba detonou explosivos dentro de uma escola religiosa em Cabul, em um ataque que matou o clérigo Rahimullah Haqqani e seu irmão. O religioso era conhecido em particular por seus discursos inflamados contra o grupo extremista Estado Islâmico, que reivindicou o ataque.

Em abril, mês sagrado do Ramadã, uma série de atentados com bombas foi registrada, com um balanço de dezenas de mortos.

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