Boric pede tranquilidade ao votar em plebiscito de nova Constituição no Chile

Presidente afirma que país resolve problemas com mais democracia, não menos

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Santiago

No dia do referendo sobre a nova constituição do Chile, o presidente Gabriel Boric votou no início da manhã em Punta Arenas, no sul do país, junto a seu pai e seu irmão, que foi agredido por manifestantes na última quinta-feira (1°). O plebiscito decide se será adotada uma nova Carta, para substituir a instituída na ditadura de Augusto Pinochet (1915-2006).

Na saída, Boric afirmou que, ganhe o Aprovo ou o Rejeito, irá convocar na segunda-feira (5) forças da oposição e da sociedade para chegar a um acordo sobre como seguirá o processo. Ambos os caminhos são longos porque, se vence o Aprovo, será necessário regulamentar via Congresso vários aspectos, e se vence o Reprovo, será preciso chegar a um consenso com o Congresso sobre como se organizará a nova redação da Carta.

Chileno vota em referendo constitucional em Santiago - Javier Torres - 4.set.22/AFP

"Hoje estão nos olhando desde todo o mundo. No Chile, nós resolvemos os problemas com mais democracia, não com menos", afirmou o líder.

Sorridente, evocou Salvador Allende como inspiração e lembrou que o primeiro presidente marxista da América Latina foi eleito num 4 de setembro, mas de 1970. "Peço que todos saiam a votar tranquilos e esperem os resultados com confiança", disse, sorridente.

Sobre o ataque a seu irmão, Simón, afirmou que "ele está machucado, mas bem", e pediu que se evitem confrontos no dia em que "os chilenos dão um passo importante por um país com mais direitos".

Em Genebra, a ex-presidente Michelle Bachelet votou pela manhã e deu declarações. "Temos de ter um marco jurídico que permita igualdade para todos e todas. Estou muito contente porque todo o processo que se gerou no Chile e que nos levou ao plebiscito é um processo democrático, participativo, que significa que, como chilenos, somos capazes de continuar melhorando a democracia."

No Chile, é proibida a divulgação de pesquisas dez dias antes da votação. Porém, nos bastidores, empresas realizam sondagens sob encomenda que acabam circulando nos meios de comunicação.

A mais recente, que circulou no sábado (3), do Panel Ciudadano, apontava uma vitória do Rejeito (53%) contra o Aprovo (47%).

Em duas sondagens de metodologia distinta, apenas por meio de reações nas redes sociais, o Aprovo mostrava recuperação após o encerramento da campanha, que reuniu milhares nas ruas de Santiago. Trata-se dos levantamentos realizados pelo Espaço Político (55,1% para essa opção) e pela Daoura (56%).

Em entrevista a um veículo de imprensa local, Roberto Izikson, diretor da consultoria Cadem, afirmou que "o plebiscito nos traz um cenário aberto, e depende dos níveis de participação deste domingo".

O voto é obrigatório, mas o Servel (órgão eleitoral) estima que o comparecimento às urnas seja de cerca de 80%.

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