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Cessar-fogo com grupos armados na Colômbia pode ser questão de dias, diz Petro

Presidente fala em diálogo iminente com guerrilhas como o ELN e dissidentes das Farc

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São Paulo

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou nesta quinta-feira (22) que em uma questão de dias deve ser abrir a possibilidade de um cessar-fogo multilateral com grupos armados, possibilitando o "início do fim da violência" no país.

Segundo ele, funcionários do governo e do Comissariado da Paz entraram em contato com membros de forças consideradas ilegais, como o Exército de Libertação Nacional, e dissidentes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) para tratar de diálogos que devem ocorrer em breve.

Gustavo Petro durante sua fala na Assembleia-Geral da ONU - Yuki Iwamura -20.set.22/AFP

"A todos aqueles que querem um processo de negociação com a Justiça na Colômbia para desmantelar organizações criminosas, o que propomos é cessar hostilidades, crimes, mortes, cessar-fogo", acrescentou ele, em conversa com jornalistas ao término de sua agenda na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York.

Petro disse ainda que espera que o Exército possa passar a chegar a áreas onde hoje não chega porque são dominadas por organizações ligadas ao narcotráfico —isso seria possível com as guerrilhas interrompendo disparos e combates. "Cada vez que se fala mais em paz na Colômbia, há que se falar em resolver pacificamente o problema do narcotráfico."

Ele próprio um ex-guerrilheiro do grupo M-19, o líder esquerdista havia dito há algumas semanas que as forças de segurança precisam mudar o conceito de guerra. Desde a campanha ele tem defendido a opção pelo diálogo com o ELN, considerada a última guerrilha reconhecida, e pela proposição de acordos com os demais grupos para que cessem a violência em troca de benefícios penais.

Em sua fala na ONU, na terça-feira (20), Petro pediu aos países latino-americanos que unam forças para acabar com a guerra às drogas. Primeiro presidente de esquerda da Colômbia, ele há muito considera o combate ao narcotráfico um fracasso global —em seu discurso de posse, em agosto, pediu uma nova estratégia internacional de combate aos entorpecentes.

O narcotráfico e a guerra contra as drogas são os principais fatores do conflito armado na Colômbia, de acordo com um relatório da Comissão da Verdade do país, estabelecida como parte de um acordo de paz de 2016 com os agora desmobilizados guerrilheiros das Farc.

A Colômbia, considerada a maior produtora mundial de cocaína, sofre pressão frequente, principalmente dos EUA, para reforçar o combate à fabricação da droga. Por décadas, Washington destinou milhões de dólares em treinamento e equipamentos contra o tráfico e os grupos rebeldes.

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