Colômbia registra protestos contra reforma tributária proposta por Gustavo Petro

Atos contra taxação de ricos e reforma agrária ocorrem em dia de reabertura da fronteira com Venezuela

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Bogotá | AFP e Reuters

Milhares de pessoas protestaram nesta segunda-feira (26) nas principais cidades da Colômbia contra um pacote proposto pelo presidente Gustavo Petro que inclui o aumento dos impostos para os ricos e a reforma agrária. O esquerdista assumiu o cargo em agosto e apresentou a reforma no dia seguinte à posse.

Em Bogotá, os manifestantes se concentraram na praça Bolívar, ao lado da sede do governo, aos gritos de "Fora, Petro!". Atos pacíficos também tomaram as ruas de Medellín, Cali, Bucaramanga e outras capitais regionais.

Petro se tornou o primeiro presidente de esquerda da história da Colômbia ao conquistar pouco mais da metade do eleitorado com uma plataforma que previa aumentar impostos sobre os ricos, reduzir a dependência de petróleo e promover uma reforma agrária que venderia propriedades para agricultores pobres a preços abaixo do mercado.

Milhares protestam contra pacote de reformas proposto por Gustavo Petro, em Cali - Joaquín Sarmiento -26.set.22/AFP

Para colocar em prática essas iniciativas, Petro formou uma coalizão legislativa majoritária com o apoio de vários partidos tradicionais —a sigla de direita Centro Democrático, encabeçada pelo ex-presidente Álvaro Uribe, lidera a oposição.

Petro pediu aos deputados que aprovem uma reforma tributária que renderia US$ 5,6 bilhões para programas sociais no ano que vem, destinados a diminuir a pobreza. O texto aumenta impostos sobre aqueles que ganham mais de US$ 2.259 por mês, cerca de dez vezes o salário mínimo.

Em uma rede social nesta segunda, o presidente afirmou que respeita o direito dos manifestantes de se expressarem.

Petro não estava na capital, porque viajou para participar de um ato em que Venezuela e Colômbia reabriram a fronteira terrestre para veículos de carga e pedestres. A travessia teve sete anos de fechamento parcial e três de fechamento total por divergências políticas.

Em declarações à imprensa, o presidente colombiano chamou as restrições de "um suicídio que não deve voltar a se repetir". O ditador venezuelano, Nicolás Maduro, enviou representantes do regime para a cerimônia.

Segundo as autoridades, caminhões voltarão a passar com carvão, café e alumínio para a Colômbia e com alimentos processados e artigos de higiene para a Venezuela.

Primeiro caminhão cruza da Venezuela para a Colômbia na reabertura da ponte Simón Bolívar - Johnny Parra -29.ago.22 / AFP

O primeiro veículo decorado com uma bandeira venezuelana no capô e balões sobre a cabine cruzou da Venezuela para a Colômbia às 12h35 locais (13h35 de Brasília); 17 minutos depois, outro, exibindo a bandeira colombiana, atravessou em sentido contrário a ponte internacional Simón Bolívar, situada entre a cidade venezuelana de San Antonio del Táchira e a colombiana de Cúcuta.

A jornalistas Petro disse que não há data certa para um provável encontro presencial com Maduro —ele cruzou a fronteira para o lado venezuelano para cumprimentar os delegados do regime de Caracas.

A reabertura da fronteira é um primeiro passo para que os países tentem recuperar um intercâmbio comercial que chegou a ser de US$ 7,2 bilhões anuais em 2008 e despencou para US$ 400 milhões em 2021. A passagem de carga ficará aberta entre 10h e 17h, e a de pedestres, entre 5h e 18h.

Venezuela e Colômbia também retomaram nesta segunda voos diretos entre os dois países. Um avião da pequena companhia venezuelana Turpial reinaugurou a rota Caracas-Bogotá —inicialmente, a viagem seria feita por uma aeronave da estatal Conviasa, mas sanções americanas forçaram a substituição, segundo as autoridades colombianas.

A Venezuela e o país vizinho retomaram as relações diplomáticas após a chegada de Petro ao poder, com a promessa de "normalizar" a fronteira binacional de 2.200 km, afetada pelo contrabando e a presença de grupos armados.

As relações haviam sido rompidas em 2019, quando o governo do então presidente Iván Duque reconheceu o opositor Juan Guaidó como presidente encarregado da Venezuela, em meio a questionamentos sobre a reeleição de Maduro, qualificada de fraudulenta por seus adversários.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.