'Deus salve a rainha. Não! O rei!', cantam súditos em local de homenagem a Elizabeth 2ª

Folha põe à prova mudança de gênero em hino do Reino Unido após ascensão de Charles 3º

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Londres

Após 70 anos de reinado de Elizabeth 2ª, que morreu na última quinta-feira (8) na Escócia, é razoável que a população britânica tenha na ponta da língua a expressão "God save the queen" —ou, em português, "Deus salve a rainha".

A frase é também o nome do hino britânico, ainda que ele tenha sido originalmente composto no masculino, "God Save the King". Não se sabe ao certo quem escreveu a música, mas suas primeiras aparições datam de 1745, no reinado de George 2º, e ela viria a ser adotada mais tarde como hino nacional do Reino Unido.

O rei Charles 3º acena aos súditos ao deixar o Palácio de Buckingham na tarde deste domingo - Maja Smiejkowska - 11.set.22/Reuters

Hoje, após a proclamação de Charles 3º, quando o momento pede a troca de "rainha" para "rei" na canção e na expressão, muitos britânicos e turistas ainda estão confusos.

Enquanto o corpo da rainha deixava o Castelo de Balmoral com destino a Edimburgo, dando início às cerimônias que antecedem o funeral —que vai ocorrer em Londres, onde o caixão chega na terça (13)—, milhares de pessoas voltaram a se reunir neste domingo (11) em frente ao Palácio de Buckingham, na capital inglesa, para prestar homenagens a Elizabeth 2ª.

A Folha promoveu, então, uma breve enquete nos jardins do local. A reportagem pediu aos súditos e admiradores para que completassem a expressão "Deus salve...". O resultado, ainda que nada científico, foi de 62,5% dizendo "...a rainha" —embora muitos tenham se corrigido na sequência: "...o rei!".

Complete a frase: "Deus salve..."

"... a rainha! Não, não! O rei!", gritou a londrina Heather Coke, entre gargalhadas, ao lado do marido

"... a rainha. Ops...", levou a mão à boca a inglesa Claire, que não quis dar o sobrenome, natural de Leeds. "Ok, sim, está certo. Vai demorar um bom tempo para que a gente se acostume."

"... o rei", disse em alto e bom som David Taylor, de Birmingham. Mas ele pensou alguns segundos antes de responder. "Naturalmente tive que pensar um pouco."

"... o rei", falou de bate-pronto Heather Favill, vinda de Nottingham, terra dela e de Robin Hood, o príncipe dos ladrões. "Não errei a resposta porque isso é o que é agora. Temos um rei."

"... a rainha", afirmou o nigeriano Colin Anyanwu, que viajou de seu país há dois dias justamente para homenagear Elizabeth 2ª. Depois ele riu e se corrigiu. "Estamos muito acostumados ao 'Deus salve a rainha'. A morte dela é muito triste. Eu agradeço a ela por tudo o que fez no meu país."

"... o rei", não titubeou o canadense Eric Chiung, que já estava de férias em Londres quando tudo aconteceu. "A rainha também está nas notas do nosso dinheiro no Canadá, mas é uma situação diferente. Muita gente lá não gosta do que ela representa."

"... a rainha", optou a americana Margie Andrews. "Não me importa se agora Charles é o rei. Ainda é 'Deus salve a rainha'."

"... a rainha. E o rei", emendou a poeta Kim Eastman, de Portsmouth, unindo de forma feliz os dois na mesma expressão.

Talvez fosse esse o sentimento geral dos britânicos neste domingo ensolarado. Deus salve o rei, mas a rainha também.

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