Coreia do Norte diz que testes de mísseis são simulações de armas nucleares táticas

Segundo ditadura, Kim Jong-un supervisionou exercícios por duas semanas para simular ataque à Coreia do Sul

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Seul | Reuters

A ditadura da Coreia do Norte se manifestou oficialmente na manhã desta segunda-feira (10), ainda noite de domingo (9) no Brasil, sobre a série de lançamentos de mísseis que fez nos últimos dias. Os testes chegaram a gerar alarme no Japão, onde um projétil sobrevoou o território pela primeira vez desde 2017, e levaram Estados Unidos e Coreia do Sul a responder com exercícios militares.

Segundo comunicado da agência estatal KCNA, o ditador norte-coreano Kim Jong-un supervisionou e liderou "operações de treinamento tático nuclear" entre os dias 25 de setembro e 9 de outubro —período que abarca a série de ao menos sete lançamentos mais recentes; ao longo do ano, foram mais de 20. Neste domingo, um exercício disparou dois projéteis.

Kim afirmou que vai fortalecer ações militares do país e que não vê necessidade de "dialogar com seus adversários", uma referência óbvia e direta à pressão exercida por Washington, Seul e Tóquio. Os testes seriam, de acordo com essa versão, uma simulação de um ataque múltiplo que inundaria a Coreia do Sul com armas nucleares táticas.

Imagem divulgada pela rede estatal KCNA, sem indicação de data ou local, mostra o ditador Kim Jong-un supervisionando lançamento de míssil na Coreia do Norte - KCNA/Reuters

Entre os possíveis alvos em Seul estariam instalações militares, portos e aeroportos.

Ainda segundo o comunicado, o projétil lançado na terça-feira (4), que sobrevoou o Japão, seria um míssil balístico recém-desenvolvido, com o objetivo de fornecer "alertas mais fortes e claros" de dissuasão aos inimigos. Analistas ouvidos pela agência Reuters disseram que os equipamentos mostrados nas fotos divulgadas agora —que não detalham a data ou o local— mostram o que parece ser um novo projétil.

Na ocasião, análises preliminares indicaram que o disparo seria de um modelo Hwasong-12 de alcance intermediário. A trajetória, até cair no mar 4.600 km após o ponto de lançamento, foi a mais distante que um míssil norte-coreano com capacidade nuclear já voou.

Em testes balísticos anteriores, o armamento era disparado em um ângulo em que voava a grandes altitudes e depois descia, sendo assim possível estimar o quão longe podia ir. Agora, foi para valer, e pelo desempenho sabe-se que a base americana na ilha de Guam está dentro de seu alcance.

Houve pânico em cidades na ilha de Hokkaido, onde moradores foram alertados por meio de mensagens no celular a procurarem abrigo pois havia um míssil no ar.

"A eficácia e a capacidade de combate de nossa força de combate nuclear foram totalmente demonstradas; ela está completamente pronta para atingir e destruir alvos a qualquer momento e em qualquer local", disse Kim, de acordo com a KCNA. "Mesmo que o inimigo continue a falar sobre diálogo e negociações, não temos nada para falar nem sentimos a necessidade de fazê-lo."

As fotos divulgadas pela ditadura mostram ainda mísseis do tipo KN-25 e KN-23, lançadores em terra e em submarinos.

Na própria terça-feira houve uma primeira reação, com os EUA voando em formação de ataque caças seus e do Japão no mar Amarelo e com a Coreia do Sul fazendo teste de bombardeio com aviões de combate e disparando quatro mísseis juntamente com forças americanas.

Na sequência, Washington enviou o porta-aviões USS Ronald Reagan para próximo da península coreana, em mais uma demonstração de força contra as provocações de Pyongyang. A Coreia do Norte condenou o deslocamento da embarcação e a tentativa americana de levar o caso ao Conselho de Segurança da ONU.

Horas depois de fazer as críticas, lançou mais dois mísseis, chamando as ações de medida contraofensiva. Na quinta, completou a escalada diária de tensão realizando um raro exercício de bombardeio ao longo da fronteira com Coreia do Sul.

Ao longo do ano, a ditadura de Kim tem intensificado os testes a um nível não visto desde 2017. Analistas veem no movimento uma tentativa de forçar a reabertura de negociações com rivais, e há o temor de que Pyongyang faça um novo teste nuclear, assim como em 2017, para chamar a atenção do Ocidente.

A crise também se insere no contexto da Guerra Fria 2.0 entre EUA e China, na qual Pequim tem Vladimir Putin a seu lado, e da Guerra da Ucrânia, iniciada pelo russo em fevereiro. Os EUA acusaram os rivais, em reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, de fomentarem tecnologicamente Kim para poder fazer suas provocações.

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