EUA enviam porta-aviões para pressionar Coreia do Norte, que dispara novos mísseis

Ditadura testou projétil com capacidade de atingir base americana que gerou pânico no Japão

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Os Estados Unidos vão enviar um de seus porta-aviões para próximo da península coreana, em mais uma demonstração de força após Pyongyang fazer um provocativo teste com míssil balístico que colocou o Japão em alerta.

Enquanto isso, na quinta (6) pela manhã (noite de quarta no Brasil), a Guarda Costeira de Tóquio acusou um novo lançamento de dois mísseis balísticos ainda não identificados, o que deverá elevar ainda mais as tensões na região. Segundo a Defesa japonesa, os projéteis voaram em trajetória irregular, a 350 e 800 km de distância, a no máximo 100 km de altitude.

O USS Ronald Reagan estava retornando a sua base na japonesa Yokosuka, após exercícios com as marinhas de Tóquio e de Seul. "Ele vai retornar ao mar do Japão em resposta ao disparo da terça [4]", afirmou o Pentágono.

O USS Ronald Reagan em exercício na semana passada com navios sul-coreanos, japoneses e um submarino nuclear americano (à frente) no mar do Japão
O USS Ronald Reagan em exercício na semana passada com navios americanos, sul-coreanos, japoneses e um submarino nuclear americano (à frente) no mar do Japão - Ministério da Defesa da Coreia do Sul - 30.set.2022/AFP

Naquele dia, a Coreia do Norte havia feito um de seus mais simbólicos de testes de mísseis com capacidade nuclear, disparando um modelo Hwasong-12 de alcance intermediário numa trajetória que sobrevoou o norte japonês e caiu no mar 4.600 km após o ponto de lançamento.

Foi o mais distante que um míssil norte-coreano já voou —em testes balísticos anteriores, o armamento era disparado em um ângulo em que voava a grandes altitudes e depois descia, sendo assim possível estimar o quão longe podia ir. Agora, foi para valer, e a base americana na ilha de Guam está dentro de seu alcance.

Houve pânico em cidades na ilha de Hokkaido, onde moradores foram alertados por meio de mensagens no celular a procurarem abrigo pois havia um míssil no ar. O novo governo japonês segue a linha do assassinado premiê Shinzo Abe, de confrontação e militarismo crescentes.

Na própria terça houve uma primeira reação, com os EUA voando em formação de ataque caças seus e do Japão no mar Amarelo, e com a Coreia do Sul fazendo teste de bombardeio com aviões de combate e disparando quatro mísseis juntamente com forças americanas.

Aqui houve um embaraçoso defeito em um dos mísseis, que caiu numa base aérea sem ferir ninguém. Imagens de redes sociais, contudo, mostraram vizinhos do local assustados com os destroços em chamas no chão.

Agora, 1 dos 12 porta-aviões americanos, os mais poderosos instrumentos de projeção global de poder dos EUA, estará numa patrulha em águas não muito distantes das duas Coreias. "É um sinal altamente inusual de demonstração de resolução dos aliados", afirmou o comando das Forças Armadas de Seul.

Pyongyang, por sua vez, condenou o deslocamento do USS Reagan e a tentativa americana de levar o caso ao Conselho de Segurança da ONU. O lançamento dos novos mísseis, chamado de medida contraofensiva, se deu uma hora depois de um comunicado com as críticas ser divulgado.

Ao longo do ano, a ditadura stalinista de Kim Jong-un tem intensificado os testes a um nível não visto desde 2017, quando demonstrou ao mundo ter capacidade de atingir alvos americanos no Pacífico e na costa leste do rival.

Acabou conseguindo levar Donald Trump à mesa de negociação, dando a Kim status de ator respeitável. A relação azedou e as conversas para retirar sanções de Pyongyang em troca de alguma garantia de desnuclearização da península dividida desde o cessar-fogo da Guerra da Coreia em 1953 falharam.

Analistas veem nas rodadas de testes uma tentativa de Kim de forçar a reabertura das negociações. Há o temor inclusive de que o ditador faça um novo teste nuclear, assim como em 2017, para chamar atenção do Ocidente.

Concorre contra isso o momento de um de seus fiadores, a China, onde o líder Xi Jinping se prepara para o Congresso do Partido Comunista que irá ungir seu inédito terceiro mandato, a partir do dia 16. Xi não gostaria de ver o seu show ofuscado por uma crise envolvendo um aliado regional rebelde.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.