Um radialista das Filipinas foi morto a tiros enquanto dirigia na capital, Manila, disse a polícia nesta terça-feira (4), em mais um episódio da série de assassinatos de jornalistas no país que é um dos mais perigosos do mundo para profissionais de imprensa.
Crítico do governo, Percival Mabasa, 63, foi morto em uma emboscada por dois homens numa motocicleta quando dirigia para o trabalho na rádio DWBL na noite de segunda-feira (3), disse o coronel Jaime Santos, da polícia local, ao canal de notícias Teleradiyo.
"Ele era dedicado ao seu trabalho e talvez esse tenha sido o motivo de seu assassinato."
Conhecido localmente como Percy Lapid, Mabasa foi um duro crítico do ex-presidente Rodrigo Duterte, bem como das políticas e autoridades de seu sucessor, Ferdinand Marcos Júnior. Ele é o segundo jornalista morto desde que Marcos assumiu o poder, em 30 de junho deste ano. No mês passado, outro locutor de rádio, Rey Blanco, foi morto esfaqueado na região central do país.
A União Nacional dos Jornalistas das Filipinas disse que o assassinato de Mabasa reflete que "o jornalismo continua sendo uma profissão perigosa no país".
Pelo menos 187 jornalistas foram assassinados nos últimos 35 anos nas Filipinas, de acordo com a organização internacional Repórteres Sem Fronteiras. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas, em um relatório de outubro de 2021, classificou o país em sétimo em seu índice global de impunidade, com 13 crimes não resolvidos.
A família de Mabasa chamou seu assassinato de "crime deplorável" e exigiu que "seus covardes assassinos sejam levados à justiça".
O grupo de direitos humanos Karapatan o descreveu como "um dos mais ferozes contadores da verdade do país". O canal no YouTube do radialista tem 216 mil assinantes.
Um porta-voz do gabinete da Presidência disse a repórteres que Marcos está preocupado com o assassinato e que autoridades vão acompanhar a investigação. Um órgão governamental relacionado à segurança da mídia disse presumir que a morte do locutor está relacionada a seu ofício.
Um dos casos mais notórios de perseguição à imprensa nas Filipinas é o de Maria Ressa, cofundadora do portal de jornalismo Rappler, que ganhou o prêmio Nobel da Paz no ano passado por sua luta pela liberdade de expressão.
O Rappler ganhou notoriedade ao divulgar denúncias de abusos de direitos humanos, e Ressa foi presa pelo governo de Duterte, em 2019. Ela foi acusada de violar uma controversa legislação contra "difamação cibernética" devido a uma reportagem em que acusava um empresário filipino de atividades ilegais.
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