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Nobel da Paz Maria Ressa diz que Filipinas mandaram fechar site investigativo Rappler

Rodrigo Duterte deixa a Presidência do país na próxima quinta-feira

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São Paulo

A dois dias do fim da Presidência de Rodrigo Duterte, as Filipinas emitiram uma ordem para fechar o portal de jornalismo Rappler, segundo a ganhadora do prêmio Nobel da Paz e cofundadora do site, Maria Ressa.

O Rappler ganhou notoriedade ao divulgar denúncias de abusos de direitos humanos cometidos pelo governo. "Parte da razão de eu não conseguir dormir muito na noite passada é porque recebemos uma ordem de fechamento", disse ela durante palestra no Havaí, de acordo com a agência de notícias Associated Press. A jornalista afirmou que pretende recorrer. "Não vamos fechar", disse ela, na terça (28).

Maria Ressa, jornalista filipina e ganhadora do prêmio Nobel da Paz, durante discurso em Genebra - Fabrice Coffrini - 3.mai.22/AFP

​Duterte é alvo de investigações de crimes contra a humanidade no Tribunal Penal Internacional, sobretudo devido à política de guerra às drogas em que teria apadrinhado esquadrões da morte que executam traficantes e usuários de substâncias ilícitas. Ele entregará a Presidência das Filipinas nesta quinta-feira (30) ao ex-senador Ferdinand Marcos Jr., filho do ditador Ferdinand Marcos, que governou o país com mão de ferro entre 1965 e 1986. A filha do atual presidente, Sara Duterte, assumirá como vice-presidente.

Ressa é alvo de diversos processos pela atuação como jornalista. Em 2019, foi presa sob acusação de violar uma controversa lei de "difamação cibernética" por uma reportagem em que acusava um empresário filipino de atividades ilegais. Em 2021, tornou-se a primeira filipina a receber um Nobel da Paz, ao lado do russo Dmitri Muratov, cofundador do Novaia Gazeta, um dos principais jornais de oposição a Putin.

Segundo o Rappler, a atual ordem de fechamento remonta a 2018, quando o portal recebeu um aporte da investidora estrangeira Omidyar, algo considerado contrário à Constituição do país —a Carta impede que empresas de mídia sejam controladas por estrangeiros. O site afirma, porém, que o caso chegou em 2019 até a Suprema Corte, que não viu ilegalidade. Em comunicado enviado aos funcionários do portal na noite de terça-feira, a direção da empresa pediu "clareza, agilidade e sobriedade". "Enquanto isso, é negócio como de costume para nós. Vamos nos adaptar, ajustar, sobreviver e prosperar", afirmou.

A ordem para o fechamento foi expedida dias após o Conselho de Segurança Nacional do país fechar outro site jornalístico do país, o Bulatlat.com, com base na lei antiterrorismo.

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