Líbano vive vácuo de poder com saída de presidente Michael Aoun

Líder deixa decreto que proíbe primeiro-ministro de assumir governo interinamente

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Baabda (Líbano) | AFP

O presidente do Líbano, Michael Aoun, deixou o palácio presidencial neste domingo (30), um dia antes do fim de seu mandato, sem ter sucessor designado, num cenário que agrava a crise política do país, já abalado por uma crise econômica.

Antes da saída, contudo, Aoun assinou um decreto que elimina a possibilidade de o primeiro-ministro, Najib Mikati, governar o Líbano em caráter interino. Isso deixa o Líbano na situação sem precedentes de ter um vácuo presidencial e um gabinete interino com poderes limitados.

Michel Aoun, presidente do Líbano, durante fala que marcou fim de seu mandato, em Baabda, a leste de Beirute - Anwar Amro -30.out.22/AFP

A decisão do presidente cristão ocorre depois que o premiê, um muçulmano sunita, passou meses tentando formar um governo, sem obter sucesso, devido a desacordos com o partido de Aoun.

O mandato de seis anos do presidente termina sem que os deputados tenham conseguido chegar a um acordo sobre seu sucessor, colocando o Líbano em um vácuo de poder. A presidência de Aoun foi marcada pelo colapso econômico e pela explosão do porto de Beirute em 2020.

O Parlamento se reuniu, em vão, quatro vezes no último mês para eleger um presidente, mas nem o grupo muçulmano xiita Hezbollah —o poderoso movimento armado que domina a vida política no Líbano— nem seus oponentes têm uma clara maioria para impor um candidato.

Em uma entrevista para a agência Reuters um dia antes de sua partida, Aoun disse que o Líbano estava entrando em um "caos constitucional", dada a falta de clareza sobre quais prerrogativas o gabinete interino e o Parlamento teriam cada um.

No domingo, centenas dos apoiadores de Aoun se reuniram no palácio presidencial em Baabda para se despedir, vestindo o laranja associado ao seu partido, o Movimento Patriótico Livre, e carregando retratos dele como presidente e de décadas atrás, quando serviu como comandante do Exército.

Desde 2019, o país vive uma grave crise financeira. Sua moeda perdeu mais de 95% do valor e mais de 80% dos habitantes vivem abaixo da linha da pobreza, segundo dados das Nações Unidas.

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