Operações de Israel na Cisjordânia matam seis palestinos a uma semana de eleições

Tel Aviv diz que ataques mataram líder de milícia responsável pela morte de soldado israelense

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Nablus (Cisjordânia) | Reuters e AFP

Duas operações de Israel causaram a morte de ao menos seis palestinos nesta terça-feira (25), incluindo um homem que seria o líder de uma milícia. A ação ocorreu em Nablus, importante cidade da Cisjordânia, a uma semana das eleições israelenses —a quinta em três anos no país.

Segundo a agência de notícias Reuters, Israel disparou mísseis contra a cidade e mobilizou franco-atiradores e agentes de segurança para lutar contra dezenas de combatentes armados da milícia Cova dos Leões, formada em sua maioria por jovens palestinos.

Palestinos carregam corpo de Ali Antar, morto durante operação de Israel em Nablus, na Cisjordânia
Palestinos carregam corpo de Ali Antar, morto durante operação de Israel em Nablus, na Cisjordânia - Ronaldo Schemidt -25.out.22/AFP

O objetivo de Tel Aviv seria atacar o local de produção de explosivos da organização, mas os agentes encontraram resistência da própria população local, que teria atirado pedras contra os soldados e incendiado pneus nas ruas.

O combate causou a morte de Wadi al-Houh, 31, líder do Cova dos Leões, acusado por Israel de produzir bombas caseiras e obter armas para o grupo. A organização cresceu rapidamente nos últimos meses e, segundo autoridades palestinas, não tem objetivos políticos claramente articulados.

No domingo, outro líder da organização havia morrido em uma explosão. Duas semanas antes, a milícia reivindicou um ataque que matou um soldado israelense na Cisjordânia, o que desencadeou um controle maior do país sobre Nablus, com drones sobrevoando constantemente a região.

Mahmoud Al-Aloul, vice-presidente da facção palestina Fatah, disse a repórteres que forças de segurança palestinas reagiram com tiros, nesta terça, ao ver agentes israelenses disfarçados entrando em Nablus. O confronto matou outros quatro palestinos e feriu cerca de 20 pessoas –é incerto se as vítimas eram civis ou membros da facção.

Em uma província próxima, outro homem morreu durante um protesto. Segundo a agência AFP, ele foi baleado no peito por soldados israelenses, que dizem ter reagido a uma tentativa de lançar um artefato explosivo. Os enterros dos mortos desta terça foram acompanhados por multidões, incluindo combatentes armados.

O primeiro-ministro de Israel, Yair Lapid, confirmou as operações e disse que seu país continuará mirando alvos militares em Nablus e em outras cidades. "Eles têm que saber que os encontraremos onde quer que estejam. Israel nunca deixará de agir por sua segurança e faremos o que tem que ser feito", afirmou. "O objetivo é reduzir o terrorismo e garantir que ele não atinja os cidadãos israelenses."

O endurecimento da retórica se dá a dias da eleição, marcada para o próximo dia 1º. As pesquisas indicam um crescimento do partido de Binyamin Netanyahu, que quer voltar ao poder. Na gestão do ex-primeiro-ministro Israel intensificou os combates contra milícias palestinas e angariou o apoio de nacionalistas judeus.

Palestinos acompanham funeral de mortos por soldados israelenses em Nablus, na Cisjordânia
Palestinos acompanham funeral de mortos por soldados israelenses em Nablus, na Cisjordânia - Zain Jaafar -25.out.22/AFP

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, chamou a operação em Nablus de crime de guerra. Já a facção radical Hamas, considerada terrorista pelos EUA, alertou que "os crimes da ocupação israelense empurrariam a Palestina para uma escalada".

Paralelamente, a Anistia Internacional pediu que o Tribunal Penal Internacional investigue eventuais crimes de guerra cometidos em agosto por forças israelenses e palestinas em um acirramento anterior de combates.

Mais de cem palestinos da Cisjordânia foram mortos neste ano em operações israelenses. Ainda em fevereiro, a Anistia divulgou um relatório de 280 páginas, acusando Israel de cometer um apartheid contra os palestinos. Paralelamente, a ONU acusou, em junho, Israel de perpetuar os conflitos com palestinos –o documento não foi bem recebido por Tel Aviv, que o chamou de desperdício de dinheiro público.

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