Síria descobre mosaico romano de 1.600 anos em escavação

Achado do século 4º tem 20 metros de comprimento por 6 de largura; país está imerso em guerra civil

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Rastan (Síria) | AFP

Autoridades da Síria divulgaram a descoberta de um mosaico da era romana, que data do século 4º, em uma propriedade na cidade de Rastan. Segundo especialistas, trata-se da mais importante revelação arqueológica desde o início da guerra civil no país, em 2011.

A obra traz imagens baseadas na mitologia helenística, como cenas da Guerra de Troia e do deus romano Netuno, além da rara representação de guerreiras amazonas. O painel é constituído por pequenas pedras coloridas de formato retangular, com aproximadamente um centímetro cada uma.

Na mitologia grega, o deus da Guerra, Ares, aponta a filha Hipólita como rainha das amazonas —mulheres guerreiras também filhas de Ares— e a presenteia com um cinturão mágico. Reza a lenda que o filho de Zeus, Hércules, foi atarefado de matar Hipólita e roubar o cinturão, em um dos 12 trabalhos que o rei Eristeu incumbiu a ele.

Cinegrafistas retratam mosaico encontrado em escavação na cidade de Rastan, na Síria - Louai Beshara - 12.out.22/AFP

Consta ainda na mitologia que a irmã de Hipólita, Pentesileia, lutou na guerra de Troia contra os gregos e foi morta pelo famoso herói Aquiles, que se apaixonou por ela durante o confronto.

Hammam Saad, diretor de escavações e estudos arqueológicos da Direção Geral de Antiguidades e Museus, afirmou que a porção do mosaico descoberta até o momento tem 20 metros de largura por 6 metros de comprimento. Ele ressaltou que outras partes ainda podem ser reveladas.

"Não há descoberta semelhante. Os detalhes e os nomes dos reis gregos que participaram da Guerra de Troia aparecem claramente", disse à agência de notícias AFP. Apesar de não ser a obra mais antiga a ser encontrada na Síria, "é a mais completa e excepcional".

Esse é o nono mosaico encontrado na região de Rastan —cidade localizada entre dois centros mais populosos, Homs e Hamã. A região era um enclave rebelde duramente atacado pelo regime de Bashar Al-Assad em maio de 2018, quando o líder retomou o controle do território.

Canteiro de tesouros arqueológicos, a Síria foi a terra de civilizações milenares —de cananeus e omíadas, passando por gregos, romanos e bizantinos. A guerra civil que se arrasta há mais de dez anos, porém levou à destruição de muitos sítios e obras.

Na cidade de Homs, a igreja Oum al-Zinar foi queimada, a mesquita Khalid Ibn al-Walid danificada e, em Rastan, mosaicos foram roubados. Entre 2015 e 2016, o país assistiu à destruição de templos e mausoléus e ao saque de tesouros e relíquias pelo Estado Islâmico.

Na cidade de Palmira, o grupo terrorista devastou monumentos e cidades arqueológicas inteiras. À época, uma associação de arqueologia apontava para 900 sítios e obras afetados ou destruídos no contexto da guerra civil.

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