Descrição de chapéu Coreia do Norte

Cães doados por Kim Jong-un a ex-presidente da Coreia do Sul viram problema político

Cachorros foram entregues em 2018 como sinal de melhora na relação entre os países; custo mensal dos animais é de R$ 10 mil

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Belo Horizonte

Em 2018, o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, presenteou o então presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, com dois cachorros da raça Pungsan. O agrado era um sinal da retomada do diálogo entre Pyongyang e Seul e foi oferecido na esteira de um raro encontro entre os líderes dos dois países.

Hoje, quatro anos depois, a relação entre as nações vizinhas piorou: enquanto as tensões militares na região aumentam, até os cães doados viraram alvo de discussões. Nesta segunda (7), Moon disse que planeja entregar os cachorros ao governo em Seul, citando pressões do atual presidente, Yoon Suk-yeol.

Depois da troca de governo, em maio, os cães, Gomi e Songgang, foram levados para a casa de Moon, conhecido por gostar de animais —ele tem outros quatro cachorros e três gatos.

O ex-presidente sul-coreano Moon Jae-in e a ex-primeira-dama Kim Jung-sook com os cães doados pela Coreia do Norte, em Seul
O ex-presidente sul-coreano Moon Jae-in e a ex-primeira-dama Kim Jung-sook com os cães doados pela Coreia do Norte, em Seul - 27.nov.18/Governo da Coreia do Sul via Reuters

Mas o atual governo não considera que o presente de Kim foi destinado ao ex-presidente sul-coreano. No país, mimos enviados por outros líderes são classificados como propriedade do Estado, inclusive cães.

Quando deixou o poder, porém, Moon teria discutido a legalidade da questão com o Ministério do Interior, que, de acordo com ele, garantiu que ele poderia levar os dois cachorros para casa –uma decisão, segundo a agência de notícias Reuters, sem precedentes. Além disso, a mídia local destaca que o ex-presidente recebe do Estado cerca de 2,5 milhões de wons (R$ 9.183) por mês para cuidar dos animais.

Para facilitar o processo, agências estatais tentaram aprovar uma emenda legislativa sobre o assunto, inclusive para custear o apoio mensal. Mas a discussão foi travada pelo atual governo, o que a equipe de Moon diz ser "inexplicável". "O gabinete presidencial parece ter uma postura negativa sobre confiar a gestão dos cães Pungsan ao ex-presidente", escreveu o gabinete do ex-líder sul-coreano no Facebook.

O gabinete de Yoon, por outro lado, negou que o atual governo tenha influência sobre o tema e disse que as agências estatais seguem discutindo a questão. O Ministério do Interior, que supervisiona os arquivos presidenciais, não respondeu aos pedidos de comentários feitos pela Reuters.

O conservador Yoon Suk-yeol venceu as eleições sul-coreanas em maio, derrotando um correligionário de Moon por menos de 250 mil votos. O atual presidente chegou a atuar como procurador-geral no governo anterior, antes de romper com o ex-aliado e se candidatar pelo Partido do Poder Popular.

Independentemente do fim desta batalha, a disputa pelos cães já é simbólica, porque os cachorros tradicionalmente são símbolos do descongelamento dos laços entre as duas Coreias. Em 2000, por exemplo, segundo a CNN, o então ditador Kim Jong-il deu dois filhotes de Pungsan para o presidente Kim Dae-jung. O sul-coreano, por sua vez, retribuiu o favor com dois cães chamados Paz e Reunificação.

À época, os cachorros enviados pelo norte-coreano foram criados na residência oficial e, depois, levados para o zoológico de Seul –onde viviam separadamente de outros animais e recebiam comidas luxuosas.

Curiosamente, a dupla morreu em 2013, quando as relações entre os dois países voltaram a estremecer, com a Coreia do Norte lançando seu terceiro teste nuclear em sete anos. Agora, em 2022, a comunidade internacional teme que Pyongyang esteja planejando mais um exercício do tipo –o último foi em 2017.

Pelo padrão, é bom que Seul se atente ao futuro de Gomi e Songgang.

Com Reuters

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