Em meio à escalada de tensão entre as vizinhas Coreia do Norte e Coreia do Sul, Pyongyang afirmou nesta segunda-feira (7) que responderá com ações militares "firmes e esmagadoras" à série de manobras conjuntas realizadas por Seul em parceria com os Estados Unidos.
O regime liderado por Kim Jong-un disse em comunicado que os exercícios conjuntos que duraram seis dias e se encerraram no sábado (5) foram uma provocação ao Norte para aumentar a tensão regional, além de uma manobra de guerra perigosa e de natureza agressiva.
Militares norte-coreanos afirmaram ainda ter realizado atividades simulando ataques a bases aéreas, bem como a uma cidade da Coreia do Sul, para "esmagar a persistente histeria de guerra dos inimigos".
"Quanto mais persistentemente os movimentos militares provocativos dos inimigos continuarem, mais impiedosamente as Forças Armadas irão combatê-los", diz o comunicado de Pyongyang.
Centenas de aviões de guerra americanos e sul-coreanos participaram na semana passada do exercício Vigilant Storm (tempestade vigilante). Seul afirmou que a ação apenas demonstrou a capacidade de prontidão para responder a provocações do país vizinho, mas negou que seja uma ameaça de guerra.
Pyongyang, então, afirmou ter realizado operações que incluíram o lançamento de mísseis balísticos táticos que simularam a derrubada de aviões inimigos em uma operação de combate que teria contado com 500 caças. O presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, descreveu a ação como "uma invasão territorial".
O regime norte-coreano divulgou fotos do exercício que não puderam ser checadas de maneira independente. Analistas militares, porém, afirmam que as imagens podem ser de manobras do início deste ano e dão pouco crédito à dimensão das manobras detalhada por Pyongyang.
Quinhentos caças, afinal, representariam quase todas as aeronaves de combate do Norte. Muitas delas, com equipamentos antigos, não são mais mantidas ativas, já que nem sequer podem passar por reparos, disse Joseph Dempsey, pesquisador do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, de Londres.
À agência de notícias Reuters um funcionário do Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul disse que um navio do país recuperou, com uma sonda submarina, destroços que seriam parte do míssil balístico de curto alcance —foi a primeira vez que um míssil balístico norte-coreano caiu perto das águas do sul.
Ao longo dos últimos dias foi registrada uma escalada no número de lançamentos de mísseis pelo regime de Kim Jong-un, o que aumentou a especulação, entre nações do Ocidente, de que Pyongyang se prepara para um novo teste nuclear —o último do tipo foi em 2017.
Na quarta (2), Seul acusou o regime comunista de disparar 23 mísseis em um dia, no maior número de disparos de Pyongyang em 24 horas. Um deles caiu a 60 km da costa da cidade de Sokcho —no que, de acordo com o governo sul-coreano, foi o mais perto de seu território que um projétil do Norte já caiu.
A situação muniu o premiê do Japão, Fumio Kishida, de argumentos para defender o incremento das capacidades militares do país, limitadas por uma Constituição pacifista. No domingo (6), ele disse que é preciso fortalecer a capacidade naval e alertou para uma ameaça de "atores que desobedecem as regras".
"Devemos estar preparados para uma era em que atores emergentes usam força ou fazem ameaças para destruir a paz e a segurança de outras nações", declarou, referindo-se à invasão russa da Ucrânia e, claro, à Coreia do Norte. "Vamos acelerar discussões sobre o que é necessário fazer para defender nosso povo."
"O reforço da capacidade naval japonesa não pode esperar", seguiu, mencionando a construção de novos navios, o reforço das defesas antimísseis e a melhoria das condições de trabalho dos militares.
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