Explosões em pontos de ônibus deixam um morto e 14 feridos em Jerusalém

Estudante de 16 anos morreu devido a ferimentos; episódio intensifica discurso radical de aliados de Binyamin Netanyahu

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Jerusalém | Reuters

Duas explosões em pontos de ônibus de Jerusalém mataram ao menos uma pessoa e feriram outras 14 nesta quarta (23), no que a polícia de Israel diz ser um ataque coordenado de palestinos.

Eles atribuíram a explosão inicial, que ocorreu na hora do rush, a um explosivo plantado perto da saída da cidade. O segundo artefato atingiu um ponto de ônibus a leste de Jerusalém, cerca de 30 minutos depois.

Polícia de Israel inspeciona cena de uma das explosões em Jerusalém - Muammar Awad - 23.nov.22/Xinhua

Segundo o Centro Médico Shaare Zedek, para onde os feridos foram levados, um jovem de 16 anos teria morrido em decorrência dos ferimentos. A vítima foi identificada como Aryeh Schupak, estudante de uma "yeshivá" (seminário rabínico) do bairro de Har Nof.

O jovem também tinha cidadania canadense. No Twitter, a embaixadora do país em Tel Aviv disse que o Canadá condena todas as formas de terrorismo e lamentou a morte. O funeral do jovem foi realizado no Har Hamenuhot, o maior cemitério de Jerusalém, e reuniu centenas de pessoas, segundo o jornal The Times of Israel.

A rádio do Exército israelense afirmou que os explosivos estavam escondidos em sacos e que pelo menos um deles continha pregos, para tentar maximizar o impacto. Eles seriam acionados, até onde se sabe, a distância, por meio de um celular.

Imagens de câmeras de segurança mostraram o momento da primeira explosão com uma nuvem repentina de fumaça saindo do ponto de ônibus. Detritos ficaram espalhados pelo local, que foi isolado pelos serviços de emergência israelenses.

O ataque é o primeiro do tipo no transporte público israelense desde ao menos abril de 2016, quando uma bomba explodiu em um ônibus de Jerusalém e deixou 21 feridos.

O primeiro-ministro Yair Lapid, que em breve deixará o cargo, convocou uma reunião de emergência com chefes de segurança no quartel do Exército em Tel Aviv. Depois, ele informou as conclusões a seu virtual sucessor, o ex-premiê Binyamin Netanyahu, vencedor das eleições realizadas em 1º de novembro.

Bibi, como o político é conhecido, recentemente recebeu do presidente a autorização para negociar a formação de um governo que, de maneira inédita, alçará partidos ultraortodoxos e de ultradireita ao poder. O episódio desta quarta já foi usado para exercer pressão.

Itamar Ben-Gvir, radical e líder do Força Judaica, partido que almeja o Ministério da Segurança Interna, disse que o governo deve ser formado o quanto antes porque "o terrorismo opera". "É hora de estabelecer um governo de direita rapidamente. Devemos cobrar um preço do terrorismo, impedir os assassinatos seletivos e impor um toque de recolher nas regiões de onde vieram os terroristas", escreveu ele.

Netanyahu fez uma visita aos feridos no hospital. Depois, em redes sociais, disse que é preciso travar uma batalha contra o que chamou de terror cruel. "Isso está levantando a cabeça novamente, e faremos de tudo para devolver a segurança a todos os israelenses rapidamente."

Sem reivindicar a autoria das explosões, o Hamas, no poder na Faixa de Gaza, celebrou os ataques, dizendo que eles são o preço de "crimes e agressões de Israel contra o povo palestino".

A ONU, a União Europeia e os EUA condenaram os ataques. "O terrorismo é um beco sem saída que não leva a nada", disse a embaixada americana no Twitter; pouco depois, a Casa Branca ofereceu ajuda para trabalhar nas investigações do caso. Tor Wennesland, representante das Nações Unidas para processos de paz no Oriente Médio, afirmou que a violência contra civis nunca pode ser justificada.

As explosões ocorrem após meses de tensão na Cisjordânia depois que o exército israelense aplicou medidas duras em resposta a uma série de ataques em seu território. Líderes políticos, ao comentarem as explosões, disseram que o episódio os fez recordar a Segunda Intifada, na primeira metade da década de 2000, marcada pelo levante palestino contra autoridades de Israel e por episódios de violência.

Na noite desta terça (22), outro caso aumentou a tensão regional, quando o corpo de um adolescente de Israel membro da minoria étnica drusa foi sequestrado em um hospital da Cisjordânia por homens armados –geralmente, os drusos, apesar de árabes, servem as Forças Armadas de Israel. A família afirma que o jovem Tiran Fero, 18, havia sofrido um acidente de carro na região e, então, foi levado para um hospital de Jenin.

Os sequestradores, relataram os parentes, teriam feitos exigências para o Estado de Israel em troca do corpo –a ONU também faz parte das negociações, segundo a agência de notícias Reuters. Nesta quarta-feira, o pai do jovem, Hussam, reuniu-se com o presidente israelense, Isaac Herzog.

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