Operação de Israel na Cisjordânia deixa 4 mortos dois dias após trégua em Gaza

Confrontos ocorreram nas cidades de Nablus e Hebron; líder de rede de milícias ligadas à facção Fatah está entre mortos

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Nablus (Cisjordânia) | AFP

Após a recente escalada de ataques à Faixa de Gaza no último fim de semana, uma operação do Exército de Israel na cidade de Nablus, na Cisjordânia, deixou ao menos dois palestinos mortos e dezenas de feridos na manhã desta terça-feira (9). Dois adolescentes também morreram em incidentes subsequentes.

De acordo com as forças israelenses, um dos mortos seria Ibrahim al Nabulsi, comandante da chamada Brigada dos Mártires de Al Aqsa, rede de milícias ligadas à facção Fatah, que controla a Cisjordânia.

Palestinos participam de procissão em homenagem a Hussein Taha, morto durante operação de Israel na Cisjordânia - Jaafar Ashtiyeh - 9.ago.22/AFP

Tropas israelenses disseram que a casa de Nabulsi foi cercada e que, após ele ter-se recusado a se render ao lado de outros militantes, houve troca de tiros e disparo de mísseis. Outro membro da brigada também teria morrido.

Centenas de pessoas se reuniram na frente do hospital em Nablus para onde homens armados levaram Nabulsi. Após a confirmação da morte do líder, a Brigada dos Mártires disse que "a resposta será proporcional ao crime".

Depois da operação, houve o registro de trocas de tiros entre palestinos e forças de Israel em outras porções da Cisjordânia. A organização Crescente Vermelho disse que seus médicos atenderam ao menos 69 pessoas feridas a bala na área de Nablus, das quais quatro estavam em estado crítico. Israel, por sua vez, alegou que suas forças não sofreram baixas.

Além de Nabulsi, o Ministério da Saúde palestino identificou outros dois mortos como Islam Sabbuh e Husein Taha. O último, segundo relataram parentes à agência de notícias AFP, era um adolescente de 16 anos. O pai do jovem, Jamal, disse que o filho morreu enquanto os dois caminhavam em direção ao trabalho durante a manhã.

Poucas horas depois, outro adolescente, Moemen Yassin Jaber, 17, morreu na cidade de Hebron, também na Cisjordânia, após receber um tiro em meio a confrontos com forças de defesa israelenses, de acordo com autoridades palestinas. Outro jovem de 15 anos e uma pessoa não identificada também teriam ficado feridos.

Ao longo dos últimos meses, forças israelenses têm realizado quase diariamente operações na Cisjordânia, concentradas no combate ao grupo radical Jihad Islâmico. Desde março deste ano, ao menos 57 palestinos morreram, a maioria em áreas ocupadas.

Em um dos casos que ganhou repercussão nacional, uma das vítimas foi a jornalista palestino-americana Shireen Abu Akleh, morta na cidade de Jenin, em maio, enquanto trabalhava reportando o conflito.

Investigações independentes da ONU e dos Estados Unidos mostraram que o tiro que matou a repórter provavelmente partiu de agentes de Israel —ainda que Washington, em análise que gerou críticas, tenha dito que o disparo não foi feito com a intenção de matar.

Na última sexta (5), o país deu início a uma série de ataques aéreos à Faixa de Gaza, em operações de prevenção contra ações terroristas promovidas por integrantes do Jihad. O conflito deixou ao menos 43 palestinos mortos e se estendeu até a noite de domingo (7), quando um cessar-fogo temporário mediado pelo Egito teve início.

O premiê de Israel, Yair Lapid, conversou por telefone com o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, nesta segunda (8), quando teria elogiado o Cairo por seu papel na "preservação da estabilidade e da segurança regionais".

O primeiro-ministro também disse que a série de bombardeios a Gaza teria dado um "golpe devastador no inimigo" e que "todo o alto escalão do Jihad Islâmico em Gaza foi atacado de forma exitosa" —as operações mataram Tayseer Jabari, líder do grupo desde 2019, assim como Khaled Mansour, do alto comando militar.

Após as recentes ações em Nablus, um porta-voz de Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), disse que Israel "não está interessado na calma e na estabilidade".

"Israel explora e mata palestinos para obter benefícios na política interna", disse, referindo-se às eleições gerais antecipadas para 1º de novembro após a quebra da coalizão governista.

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