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Usina nuclear de Zaporíjia é atingida por 'poderosas explosões', diz ONU

Russos negam vazamento radioativo e atribuem ataques a ucranianos

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Londres | Reuters

Mais de uma dezena de "poderosas explosões" atingiram a usina nuclear de Zaporíjia, na Ucrânia, na noite de sábado e neste domingo (20), informou a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), das Nações Unidas.

A maior usina nuclear da Europa está sob controle dos russos desde o início da invasão do país, em fevereiro deste ano. A Rússia confirmou os bombardeios neste domingo e disse que foram efetuados pelas forças de Kiev, mas que nenhum vazamento de radiação foi detectado. A Ucrânia, por sua vez, acusa Moscou.

A usina nuclear de Zaporíjia, em foto de 14 de outubro deste ano - Alexander Ermochenko - 14.out.22/Reuters

Uma equipe da AIEA no local afirma que houve danos a alguns prédios, sistemas e equipamentos da usina. Eles disseram que puderam ver as explosões de suas janelas.

"As notícias de nossa equipe ontem e nesta manhã são extremamente perturbadoras", afirmou o chefe da agência nuclear da ONU, Rafael Grossi, em um comunicado.

"Explosões ocorreram no local desta grande usina nuclear, o que é completamente inaceitável. Quem quer que esteja por trás disso deve parar imediatamente. Como eu já disse muitas vezes antes, vocês estão brincando com fogo!"

A agência da ONU anunciou, mais tarde, que pretende visitar a usina na segunda (21). Os russos, porém, não garantiram que concederão acesso ao órgão, alegando que o mandato da equipe "não é sem limites". "Se eles quiserem inspecionar uma instalação que não tem nada a ver com segurança nuclear, o acesso será negado, disse Renat Karchaa, assessor da Rosenergoatom, operadora de energia nuclear da Rússia.

A usina de Zaporíjia tem seis reatores refrigerados e moderados à água, projetados ainda na época da União Soviética. Eles estão desligados, mas há risco de o combustível nuclear superaquecer se a energia que aciona os sistemas de resfriamento for cortada.

O Ministério da Defesa da Rússia disse que a Ucrânia disparou projéteis contra as linhas de energia que abastecem a usina, e a agência de notícias russa Tass relatou que algumas das instalações de armazenamento do local foram atingidas.

"Eles bombardearam não apenas ontem, mas também hoje, estão bombardeando agora", afirmou Karchaa, acrescentando que qualquer ataque de artilharia no local representa uma ameaça à segurança nuclear.

Karchaa declarou à Tass que os projéteis foram disparados perto de uma instalação de armazenamento de lixo nuclear seco e de um prédio que abriga combustível nuclear usado, mas que nenhuma emissão radioativa foi detectada no momento.

O Exército do Kremlin divulgou um comunicado afirmando que os ucranianos "não param com suas provocações destinadas a criar uma ameaça de catástrofe provocada pelo homem na usina nuclear de Zaporíjia",

Já a agência nuclear da Ucrânia acusou Moscou de bombardear a instalação. "Esta manhã, como resultado de vários bombardeios russos, foram registrados ao menos 12 impactos contra o território da central nuclear de Zaporíjia", afirmou em comunicado.

Desde a invasão russa ao país, tanto Kiev quanto Moscou se acusam mutuamente de atacar a usina e arriscar um acidente nuclear. Antes da guerra, a instalação fornecia cerca de um quinto da eletricidade da Ucrânia, mas com os conflitos foi forçada, em várias vezes, a operar apenas com geradores de reserva.

Ainda neste domingo, o governo ucraniano anunciou que fará apagões planejados em todas as regiões do país para tentar restaurar instalações de energia atacadas pelos russos nos últimos dias –na sexta, o presidente Volodimir Zelenski disse que cerca de 10 milhões de pessoas estavam sem energia, 25% da população ucraniana antes da guerra.

Na quarta (16), a Ukrenergo, empresa de energia do país, comunicou que os próximos dias serão ainda mais difíceis, já que o aumento do consumo de eletricidade deve aumentar à medida que o inverno fique mais rigoroso.

Um dos piores cenários é a cidade de Kherson, recém-reconquistada pelos ucranianos –a região está, praticamente, sem eletricidade, água encanada ou aquecimento, devido aos conflitos intensos entre as duas forças nas últimas semanas.

Neste domingo, porém, centenas de moradores se alegraram ao fazer compras no primeiro supermercado ucraniano a abrir desde a saída dos russos. Nos últimos nove meses, o governo instalado pela Rússia permitia apenas o comércio de produtos russos. À agência de notícias Reuters, o morador Artem Moiseienko, 27, disse ter ficado aliviado ao ver a Coca-Cola sem açúcar de volta às prateleiras. "Isso é o que eu mais sentia falta", afirmou.

Vários dos soldados russos que saíram de Kherson nos últimos dias foram enviados para o leste da Ucrânia, palco dos maiores combates da guerra. Segundo Zelenski, a Rússia fez, só neste domingo, 400 ataques nas regiões de Donetsk e Lugansk –esta última, praticamente, toda controlada pelos russos.

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