Descrição de chapéu Governo Trump

Governos aliados dos EUA pagaram valores milionários a hotel de Trump, mostram registros

Comitê da Câmara investiga se republicano infringiu lei que impede vínculo financeiro entre presidente e outros países

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Belo Horizonte

Um hotel do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump em Washington recebeu mais de US$ 750 mil (R$ 3,9 milhões) de autoridades de ao menos seis países enquanto o republicano estava no poder. Os valores estão nos documentos que a ex-empresa de contabilidade de Trump entregou ao Congresso americano.

Os registros, tornados públicos nesta segunda (14), apontam que os governos de Malásia, Arábia Saudita, Qatar, Emirados Árabes Unidos, Turquia e China gastaram, entre 2017 e 2018, mais dinheiro no hotel do que o divulgado anteriormente, segundo o jornal The New York Times.

Ex-presidente dos EUA Donald Trump discursa em evento em Washington
Ex-presidente dos EUA Donald Trump discursa em evento em Washington - Drew Angerer - 26.jul.22/Getty Images via AFP

O primeiro-ministro malasiano, por exemplo, teria contratado um personal trainer ao custo de US$ 1.500 durante sua estadia no hotel em 2017. O Ministério da Defesa saudita alugou várias suítes, de US$ 10,5 mil cada uma, e autoridades qatarianas gastaram mais de US$ 300 mil em semanas que antecederam uma reunião com Trump em 2018.

Os documentos estão sendo analisados por um comitê da Câmara que apura a arrecadação milionária do hotel de Trump enquanto ele era presidente. O órgão estimou anteriormente que a empresa havia recebido mais de US$ 3,75 milhões de governos estrangeiros entre 2017 e 2020 e levantou hipóteses de que o republicano pode ter infringido uma lei que impede autoridades de receberem valores e presentes de governos estrangeiros.

"Esse é um quadro extremamente preocupante", disse a deputada democrata Carolyn Maloney, presidente do colegiado. "[Os documentos] questionam fortemente até que ponto Trump foi guiado por seu interesse financeiro enquanto estava no cargo, em vez de zelar pelos interesses dos americanos."

Já Eric Trump, filho do ex-presidente e responsável por administrar o conglomerado da família enquanto seu pai esteve na Casa Branca, disse nesta segunda que todos os lucros que o hotel adquiriu com as estadias voltaram ao governo por meio de um mecanismo de pagamentos voluntários ao Tesouro.

"Fizemos um tremendo esforço para evitar até mesmo a aparência de um conflito de interesses", disse, em comunicado. "Não devido a qualquer exigência legal, mas por causa do respeito que temos pelo gabinete da Presidência."

Os documentos divulgados nesta segunda mostram que, em setembro de 2017, quando Trump se encontrou com o então primeiro-ministro da Malásia Najib Razak, a delegação asiática gastou ao menos US$ 259 mil no hotel do republicano. Na ocasião, o americano agradeceu ao colega por "todo o investimento que você fez nos EUA". Razak é investigado pelo Departamento de Justiça por corrupção.

Na época, a Casa Branca negou que Razak estivesse hospedado no hotel de Trump sob influência do governo.

Também naquele ano, autoridades da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes Unidos e do Qatar gastaram centenas de milhares de dólares no estabelecimento. Washington pressionava, então, Riad e Abu Dhabi a retomarem os laços diplomáticos com Doha.

Segundo os documentos, funcionários dos regimes saudita e emiradense gastaram ao menos US$ 164 mil no hotel de Trump entre o final de 2017 e meados de 2018. Autoridades do Qatar e empregados de empresas aliadas à monarquia, por sua vez, gastaram pelo menos US$ 307 mil.

Os registros divulgados pelos investigadores da Câmara também mostram um total de US$ 65.139 gastos pelo Conselho Turco Americano, organização sem fins lucrativos ligada ao governo de Ancara.

O órgão ainda patrocinou duas conferências realizadas no hotel de Trump entre 2017 e 2019, na mesma época em que, segundo o NYT, o presidente Recep Tayyip Erdogan pressionou o americano a encerrar uma investigação contra uma estatal do país. A embaixada da Turquia nos EUA também aparece nos registros de cobrança do hotel, mas são incertos os detalhes dos serviços contratados.

No mês passado, o comitê também divulgou que o Serviço Secreto americano pagou mais de US$ 1,4 milhão a propriedades hoteleiras de Trump no período em que o republicano ocupou a Presidência. Segundo os registros, a Organização Trump cobrou do órgão até US$ 1.185 por noite, valor bem acima do que era estipulado pelo governo.

Com The New York Times

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