Homens armados não identificados abriram fogo em um hotel no centro de Cabul nesta segunda-feira (12). O ataque terminou com ao menos três dos agressores mortos pelas forças de segurança do Talibã, que voltou a governar o Afeganistão em 2021, quando o Exército americano deixou o país.
Horas mais tarde, o Estado Islâmico reivindicou a autoria da ação em uma mensagem publicada no perfil do grupo terrorista no Telegram.
Ao menos 18 pessoas ficaram feridas. De acordo com um porta-voz do grupo extremista, Zabihullah Mujahid, dois deles são estrangeiros que se machucaram ao tentar escapar pulando da sacada do hotel.
O estabelecimento em questão é o Longan, que fica na região de Shahr-e-naw, uma das principais áreas comerciais da cidade. Ele é frequentado em especial por empresários chineses, que têm viajado com frequência ao Afeganistão desde a volta do Talibã ao poder.
A polícia local afirma que a invasão aconteceu por volta das 14h30 do horário local (7h em Brasília), e moradores do bairro contaram ter ouvido uma forte explosão seguida por rajadas de tiros.
O ataque acontece um dia depois de o embaixador da China se reunir com o ministro interino das Relações Exteriores do Afeganistão, para discutir questões de segurança. A agência de notícias estatal chinesa Xinhua afirmou que o episódio desta segunda-feira ocorreu perto de uma propriedade chinesa e que a representação de Pequim monitora de perto a situação.
O gigante asiático não reconhece oficialmente o governo do Talibã, mas é um dos poucos países com presença diplomática no país, com o qual faz fronteira. A ditadura liderada por Xi Jinping teme que seu vizinho se torne uma base para separatistas uigures —minoria muçulmana que ocupa a região de Xinjiang, no oeste chinês, e é perseguida pelo regime, de acordo com ativistas de direitos humanos.
O Talibã prometeu que isso não aconteceria. Em troca, a China ofereceu apoio econômico para a reconstrução do país.
Cabul tem sido palco de bombardeios nos últimos meses. Em 2 de dezembro, uma agente de segurança ficou ferida após disparos contra a embaixada do Paquistão. O Estado Islâmico assumiu a autoria do ataque e declarou que mirava o "embaixador paquistanês e seus guardas".
Em 5 de setembro, dois funcionários da embaixada russa em Cabul e quatro afegãos morreram após um atentado suicida nas proximidades do edifício também reivindicado pelo braço local do EI. Foi o primeiro ataque contra uma representação diplomática desde a volta dos extremistas ao poder.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.