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EUA rechaçam ato de Castillo e Forças Armadas do Peru pedem respeito a ordem constitucional

Oposicionista Keiko Fujimori fala em 'golpe desesperado'; México e Costa Rica também se pronunciaram

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São Paulo

A embaixadora dos Estados Unidos no Peru, Lisa Kenna, foi uma das primeiras representantes da diplomacia internacional a atacar a tentativa de golpe do presidente Pedro Castillo, que no final da manhã desta quarta-feira (7) mandou dissolver o Parlamento.

O pronunciamento do líder populista de esquerda disparou uma crise política aguda no país, e o dia se encerrou com o mesmo Congresso votando a destituição do político, que foi detido, e empossando a vice Dina Boluarte como nova presidente.

Policiais fazem segurança do Congresso em frente a aglomeração de apoiadores de Pedro Castillo, em Lima - Cris Bouroncle - 7.dez.22/AFP

"Os Estados Unidos rechaçam categoricamente qualquer ato extraconstitucional do presidente Castillo para impedir que o Congresso cumpra com seu mandato", escreveu a diplomata no Twitter.

"Os EUA instam enfaticamente o presidente a reverter sua intenção de fechar o Parlamento e a permitir que as instituições democráticas funcionem de acordo com a Constituição. Pedimos à população peruana que mantenha a calma durante esse tempo incerto."

As Forças Armadas e a polícia do Peru também se pronunciaram sobre o ocorrido, afirmando, em um comunicado conjunto, que não acatariam nenhum ato de "violação da Constituição".

O texto lembrou que o presidente tem o direito de dissolver o Congresso se a legislatura realizar dois votos de desconfiança contra o gabinete, acrescentando que qualquer ato contrário constituiria uma violação da Carta. Os militares ainda pediram que a população se mantenha calma e confie nas instituições do país.

Principal adversária de Castillo nas eleições, perdidas por uma diferença de 44 mil votos, Keiko Fujimori afirmou que o presidente "desferiu um golpe desesperado porque sabia que lhe restavam apenas algumas horas no poder". Ela fazia referência à análise da moção de vacância, que mais tarde acabaria aprovada. "As Forças Armadas devem apoiar a ordem constitucional", escreveu no Twitter.

Investigada por corrupção, a filha do ditador Alberto Fujimori chegou a ser presa e fez denúncias de fraudes nas eleições, nunca comprovadas.

Os últimos três presidentes do Peru também se manifestaram, criticando Castillo e pedindo que a população mantenha a calma.

Francisco Sagasti, que governou logo antes de Castillo, escreveu que o presidente "colocou-se à margem da lei e da Constituição" e que "o Congresso deve agir sem demora e a comunidade internacional deve condenar esta tentativa de golpe".

O antecessor de Sagasti, Manuel Merino, chamou Castillo de ditador e defendeu sua prisão. Ele também pediu uma transição para eleições gerais.

Já Martín Vizcarra disse que "rechaça totalmente o golpe de Estado" e acrescentou que os peruanos "não vão permitir este atentado contra a democracia".

Repercussão internacional

No Brasil, o Itamaraty também condenou as ações de Castillo, afirmando em nota que elas são "incompatíveis com o arcabouço normativo constitucional" e representam uma "violação à vigência da democracia e do Estado de Direito" no Peru. A pasta ainda afirmou esperar que "a decisão constitucional do Congresso peruano represente a garantia do pleno funcionamento do Estado democrático" do país.

O ministro das Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard, postou no Twitter que seu país "lamenta os últimos acontecimentos no Peru" e que faz votos de "respeito à democracia e aos direitos humanos". O presidente Andrés Manuel López Obrador pediu por "estabilidade democrática, em benefício da população", aliviando a "atmosfera de confronto e hostilidade" que marcou o mandato de Castillo.

Na Colômbia, o governo esquerdista de Gustavo Petro expressou "preocupação com a crise política" no país vizinho e "convocou ao diálogo todos os atores políticos para salvaguardar a democracia".

No Chile, também governado pela esquerda, o ministro das Relações Exteriores divulgou um comunicado dizendo que "lamenta profundamente" a situação política no Peru e que faz um apelo enfático ao respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais.

Em comunicado, a diplomacia da Costa Rica disse "lamentar a decisão" de Castillo, pedindo que a ordem legal seja restaurada imediatamente, com respeito às garantias civis.

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