Hu Jintao, 79, ex-líder da China e antecessor de Xi Jinping, apareceu em público pela primeira vez desde sua intrigante retirada do Congresso do Partido Comunista Chinês, em outubro, lançando dúvidas sobre seu estado de saúde e, em particular, seu status no alto escalão do regime.
Imagens transmitidas nesta terça (6) pela estatal CCTV mostram o ex-dirigente na cerimônia realizada em Pequim em homenagem a Jiang Zemin, outro ex-líder chinês, morto na semana passada aos 96 anos.
Hu estava ao lado de Xi e curvou-se três vezes diante do caixão de Jiang. Depois, foi visto andando com alguma dificuldade ao redor da urna funerária.
A aparição dele, em certa medida, enfraquece os rumores de que teria sido escanteado pelo atual comando do PC Chinês. Essa versão circulava em decorrência das imagens do último dia do congresso da legenda, que mostravam o ex-líder sendo retirado, aparentemente contra a vontade dele, da cerimônia tradicionalmente preparada de forma meticulosa.
Ele estava sentado à esquerda de Xi quando foi levado para fora do principal auditório do Grande Salão do Povo, na capital chinesa, por dois seguranças. Vídeo da agência de notícias AFP mostra um deles tentando levantar Hu de sua cadeira, atraindo olhares das autoridades em volta.
O ex-líder resiste a deixar o local, enquanto os auxiliares o escoltam. Em certo momento, ele tenta pegar documentos que parecem pertencer a Xi, que segura a pasta com os papéis. Hu ainda tenta se sentar outra vez, sem sucesso, e, na saída, troca palavras com Xi e encosta no ombro do atual premiê, Li Keqiang.
Apesar de ter participado do evento na segunda-feira (5), Hu foi uma notável ausência no funeral propriamente dito. Segundo o jornal South China Morning Post, uma fonte ligada ao PC disse que ele e outros membros da sigla não compareceram porque não conseguiriam ficar muito tempo de pé devido à idade avançada.
Nesta terça, Xi prestou homenagem a Jiang por garantir a sobrevivência do partido diante do que ele chamou de "tempestades políticas". O dirigente ainda celebrou o ex-líder por ter sido capaz de reformar e injetar vitalidade à legenda, além de modernizar a economia chinesa. Ele trazia na lapela um crisântemo branco, tradicional símbolo de luto na China.
"No final dos anos 1980 e início dos anos 1990, sérias tempestades políticas ocorreram em casa e no exterior, e o socialismo mundial experimentou graves complicações", disse Xi. "Ele teve a coragem extraordinária de tomar decisões ousadas e a grande coragem de realizar inovações teóricas em momentos críticos", acrescentou, em referência indireta à onda de protestos pró-democracia que culminou no Massacre da praça da Paz Celestial, em 1989.
Durante três minutos, sirenes desenvolvidas para alertar a ocorrência de ataques aéreos soaram em todo o país às 10h, no horário local, em memória do ex-líder.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.