Jacinda Ardern xinga opositor na Nova Zelândia sem atentar para microfone ligado

Primeira-ministra, que enfrenta baixa de popularidade, pediu desculpas a parlamentar

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Petrópolis (RJ)

Enfrentando seu menor índice de popularidade desde que chegou ao poder, a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, viveu novo episódio de desgaste nesta terça-feira (13) ao chamar o líder de um partido de oposição minoritário de "babaca arrogante" —sem saber que o microfone ao seu lado estava ligado.

Jacinda Ardern, primeira-ministra da Nova Zelândia, discursa no primeiro encontro com a imprensa do novo gabinete de governo em Wellington - Guo Lei - 6.nov.20/Xinhua

O episódio ocorreu durante uma sessão de perguntas e respostas no Congresso. David Seymour, do partido ACT, liberal, perguntou à política se ela daria "um exemplo de ocasião em que cometeu um erro, desculpou-se por ele devidamente e o corrigiu".

Jacinda respondeu que a severidade das medidas que seu governo impôs para conter a Covid-19 foi difícil para a população, mas que ela defende o trabalho executado.

O xingamento se deu depois que ela terminou de responder à pergunta e se sentou ao lado de seu vice, Grant Robertson. O microfone estava aberto, e a fala foi tão audível quanto o pedido do orador, Adrian Rurawhe, para que o próximo da fila apresentasse sua pergunta.

Seymour a princípio exigiu que a primeira-ministra se desculpasse diante do Congresso, mas o pedido foi negado. Mais tarde, em um encontro com a imprensa, ele afirmou que Jacinda enviou uma mensagem de texto se redimindo pelo ocorrido e que estava tudo bem entre os dois.

"[Ela] disse: 'Peço desculpas, não deveria ter dito aquilo e, como diz a minha mãe, se você não tem algo bom a dizer, é melhor ficar calado'. Eu respondi: 'Obrigado, espero que você tenha um feliz Natal'. No fim das contas, não é o fim do mundo", contou o político, segundo a agência Associated Press.

"O pedido de desculpas que eu realmente buscava é referente à preocupação dos neozelandeses com a alta de preços e os roubos de lojas", acrescentou, referindo-se a uma prática que se tornou frequente no país nos últimos meses, em que criminosos avançam sobre comércios com carros e destroem a vitrine para fazer saques.

As queixas são semelhantes àquelas que motivam a pior taxa de aprovação de Jacinda e de seu Partido Trabalhista desde que ele foi eleito, em 2017.

Uma sondagem divulgada no início deste mês pela Kantar One News Polling aponta que só 29% da população escolheria Jacinda como primeira-ministra. Dias antes do pleito de outubro de 2020, quando a legenda foi reeleita, o índice era de 55%.

Os trabalhistas têm hoje 33% de aprovação e não conseguiria formar um governo de coalizão com partidos de perfil semelhante, como o Verde (9%) e o Maori (2%).

Antes das eleições de 2020, a porcentagem era de 46% —na ocasião, os eleitores se mostravam impressionados com a conduta da primeira-ministra na pandemia, que fez da Nova Zelândia um exemplo mundial de combate ao vírus, com quarentena rígida, ampla testagem e uma estratégia de comunicação eficiente.

De lá para cá, porém, a Covid deixou de ser a principal preocupação do país. Recentemente, o Banco Central da Nova Zelândia anunciou que o país pode entrar em recessão no ano que vem. A inflação está em 7,2%, maior índice em quase 30 anos, e os custos da comida, de aluguéis e da gasolina seguem em alta.

Enquanto isso, casos de violência têm se espalhado, e o assassinato a facadas de um funcionário de uma mercearia em Auckland no final de novembro levou estabelecimentos do tipo em todo o país a fechar as portas em solidariedade. O governo contratou novos policiais, mas tem tido dificuldades para conter a onda de violência.

Em um encontro recente com a imprensa, Jacinda admitiu que este tem sido um período desafiador para a sua administração. Mas criticou a oposição que, segundo ela, não apresenta propostas para lidar com os problemas do país.

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