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México confirma contatos com Peru para atender a pedido formal de Castillo por asilo

Ex-presidente peruano teria tentado fugir para embaixada após fracassar em golpe de Estado

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São Paulo

O México confirmou que iniciou consultas com as autoridades peruanas sobre o pedido de asilo do agora ex-presidente do país sul-americano, Pedro Castillo. A informação foi adiantada pelo ministro das Relações Exteriores Marcelo Ebrard, nesta quinta-feira (8).

Segundo ele, o embaixador do México no Peru conseguiu se reunir com Castillo no centro em que o líder peruano está detido, em Lima. "Ele o encontrou bem fisicamente e em companhia de seu advogado", escreveu o chanceler no Twitter.

De acordo com o jornal mexicano El Universal, o diplomata chegou à sede da Direção de Operações Especiais (Diroes) em um veículo oficial, estacionou por alguns instantes para providenciar a admissão no local e entrou rapidamente.

Ex-presidente do Peru, Pedro Castillo, sai de delegacia em Lima
Ex-presidente do Peru, Pedro Castillo, sai de delegacia em Lima - Gerardo Marin/Reuters

O advogado de Castillo, porém, não teria tido a mesma facilidade. Segundo uma carta enviada por ele ao governo mexicano, a Justiça peruana criou "um clima de extrema perseguição puramente política a quem pensa diferente do grupo oligárquico que rege as instituições do país".

Após decretar a destituição do Parlamento e, momentos depois, ver sua ação ser considerada um golpe de Estado pela Justiça e pelas Forças Armadas do país, Castillo tentou supostamente fugir para a embaixada do México, segundo relatos da imprensa peruana.

O trajeto, porém, foi interrompido depois que o comandante-geral e o chefe de Estado Maior da Polícia Nacional Peruana acionaram a equipe de segurança do próprio presidente e ordenaram que o motorista da van que transportava o líder peruano desviasse da rota prevista. Castillo, então, foi levado para a Prefeitura de Lima, onde ficou sob custódia de policiais.

Nesta quinta, o presidente Andrés Manuel Lopéz Obrador disse que recebeu um telefonema do líder destituído antes de ele ser detido. "Ele me disse que estava a caminho da embaixada, mas com certeza já haviam grampeado seu telefone", afirmou o mexicano em entrevista, defendendo o peruano. "Desde que ganhou [as eleições, em 2021], ele foi vítima de assédio, confronto, seus adversários não aceitavam que ele governasse."

AMLO ainda disse que achava prudente esperar uns dias para que seu governo reconheça Dina Boluarte como presidente do Peru. Horas mais tarde, o chanceler Marcelo Ebrard confirmou que iniciou as consultas às autoridades em Lima após o pedido formal de asilo feito por Castillo.

Em 2019, o México deu asilo ao ex-presidente da Bolívia Evo Morales, também de esquerda. Na ocasião, o boliviano havia acabado de renunciar ao poder após pressão das Forças Armadas e uma onda de protestos nas ruas, que o acusaram de ter cometido fraude eleitoral.

Curiosamente, o avião de Evo precisou desviar do Peru, que não autorizou a passagem da aeronave. O país, porém, mudou de ideia quando Argentina, Brasil e Paraguai deram sinal verde para o boliviano. À época, o Peru era governado por Martín Vizcarra, que, assim como Castillo, não conseguiu cumprir todo o mandato.

Presidente adia formação de gabinete

A nova presidente, Dina Boluarte, cumpriu seu segundo dia de mandato com tentativas de baixar a temperatura da crise institucional levada ao ápice em uma quarta-feira de convulsão política no país. Primeira mulher a ocupar o cargo, ela fez suas primeiras declarações após o discurso de posse ainda sem indicar a formação do gabinete ministerial, esperada para os próximos dias.

Em fala a jornalistas em frente ao palácio nesta quinta-feira (8), Dina comentou principalmente especulações sobre uma possível antecipação das eleições gerais, proposta por críticos de Castillo. Ela disse que a ideia seria "democraticamente respeitável", mas que deseja discutir com outras forças políticas para chegar a uma conclusão.

Preso, o ex-presidente foi transferido na madrugada da Prefeitura de Lima para a sede da Direção de Operações Especiais (Diroes) —mesmo centro em que está Alberto Fujimori, ditador que comandou o Peru de 1990 a 2000. Nesta quinta, a Justiça ordenou que Castillo fique preso preventivamente pelos próximos sete dias, depois de o Ministério Público sustentar que a soltura poderia atrapalhar as investigações.

Acusado dos crimes de rebelião e conspiração, que têm penas previstas de 10 a 20 anos de prisão, Castillo compareceu de forma virtual à audiência que determinou a prisão preventiva. Mostrando abatimento, ele ficou calado, com seus advogados falando por ele. O ex-presidente ainda é alvo de seis investigações do Ministério Público, uma das quais já resultou na acusação de que ele liderava uma organização criminosa que buscava obter propinas em troca de contratos de obras públicas.

Com Reuters 

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