Promotoria de Nova York anuncia abertura de investigação contra George Santos

Deputado eleito mentiu sobre formação educacional e histórico profissional durante campanha

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São Paulo

A promotoria do condado de Nassau, no estado de Nova York, anunciou nesta quarta (28) a abertura de uma investigação contra o deputado eleito George Santos, que mentiu sobre sua formação educacional e seu histórico profissional durante a campanha a uma cadeira na Câmara dos Representantes dos EUA.

O deputado eleito dos EUA George Santos, que admitiu ter mentido no currículo, discursa em evento judaico em Las Vegas
O deputado eleito dos EUA George Santos, que admitiu ter mentido no currículo, discursa em evento judaico em Las Vegas - Scott Olson - 19.nov.22/Getty Images/AFP

Em nota enviada à Folha, a promotora Anne Donnelly afirmou que as "inúmeras invenções e inconsistências associadas ao deputado eleito são impressionantes" e que o político do Partido Republicano será processado caso algum crime seja descoberto durante a investigação.

"Os residentes do condado de Nassau [...] devem ter um representante honesto e responsável no Congresso. Ninguém está acima da lei, e, se um crime foi cometido neste condado, nós vamos acusá-lo", disse. Santos não respondeu a pedidos de comentários feitos pela agência de notícias Reuters.

Além investigação que será conduzida pela promotoria do condado de Nassau, a rede americana CBS News informou que promotores federais também começaram a examinar as finanças de Santos depois que foram feitas denúncias de irregularidades nas contas da campanha do político.

A Constituição americana faz com que seja muito difícil impedir a posse ou expulsar congressistas —eles só podem ser impedidos de assumir caso tenham violado pré-requisitos de idade, cidadania e local de residência definidos pela Carta. Falsificar registros financeiros de campanha, porém, é um crime federal.

O caso aumentou a pressão sobre o Partido Republicano, que no mês passado garantiu maioria apertada na Câmara dos Representantes. O democrata Robert Zimmerman, derrotado por ele, tem pedido que o rival, um trumpista declarado, não tome posse e dispute novamente uma eleição especial.

Filho de imigrantes brasileiros, Santos admitiu que não se formou na Baruch College, de onde dizia ter um diploma —diretores da faculdade não encontraram registros de alguém com seu nome ou sua data de nascimento que tivesse encerrado lá os estudos em 2010, e que nunca trabalhou no Citigroup ou no Goldman Sachs, que constavam de sua biografia. As duas empresas de Wall Street afirmaram que não têm qualquer registro de que ele tenha trabalhado para elas em algum momento.

Santos teria lidado com as firmas em trabalhos realizados por uma outra firma, a LinkBridge Investors, da qual teria sido vice-presidente —o New York Times comprovou o vínculo dele com a empresa. Segundo ele, a afirmação de que passou por Citigroup e Goldman Sachs se deveu a uma "escolha ruim de palavras".

Outro assunto tratado em uma entrevista do deputado eleito ao New York Post foi sua origem familiar. Na esteira das denúncias da semana passada, a publicação judaica The Forward relatou que Santos teria enganado os eleitores também sobre ter ascendência judaica.

Em seu site e em declarações dadas durante a campanha eleitoral, ele contou que a mãe, Fatima Devolder, nasceu no Brasil, filha de imigrantes que "fugiram da perseguição aos judeus na Ucrânia, estabeleceram-se na Bélgica e novamente fugiram da perseguição durante a Segunda Guerra Mundial".

De acordo com The Forward, porém, citando informações do site de genealogia My Heritage, documentos de imigração brasileiros e bancos de dados de refugiados, os pais de Devolder parecem ter nascido no Brasil antes da Segunda Guerra. Nesta terça (27), a Coalizão Judaica Republicana informou que Santos não será mais bem-vindo a eventos do grupo.

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