Descrição de chapéu The New York Times

Deputado trumpista filho de brasileiros eleito nos EUA mentiu no currículo

Empresas e universidades pelas quais George Santos diz ter passado não têm registros do parlamentar; ele não quis se manifestar

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Grace Ashford Michael Gold
The New York Times

George Santos —cuja eleição em Long Island, Nova York, nas midterms no mês passado ajudou o Partido Republicano a conquistar uma maioria apertada na Câmara dos Deputados— baseou sua candidatura na ideia de que era "a plena encarnação do sonho americano", e de que sua razão para entrar na política era proteger esse sonho para todos.

Sua biografia de campanha propagandeou sua trajetória digna de conto de fadas: ele é filho de imigrantes brasileiros e o primeiro republicano abertamente gay a conquistar uma vaga na Câmara. Conforme seu relato, depois de se formar em uma faculdade pública de Nova York, virou "financista e investidor experiente em Wall Street", com portfólio imobiliário familiar composto de 13 imóveis e uma organização beneficente de resgate de animais que já teria salvado a vida de mais de 2.500 cães e gatos.

George Santos, republicano eleito deputado nos EUA, discursa em Nevada - Wade Vandervort - 19.nov.22/AFP

Mas uma investigação realizada pelo New York Times põe em xeque trechos importantes do currículo que ele passou aos eleitores. A apuração usou documentos públicos e judiciais dos Estados Unidos e do Brasil e incluiu várias tentativas de verificar as alegações feitas por Santos, 34, durante a sua campanha.

O Citigroup e o Goldman Sachs, grandes empresas de Wall Street que constam na biografia de Santos, afirmaram que não têm qualquer registro de que ele tenha trabalhado para elas em algum momento. Diretores do Baruch College, pelo qual Santos diz que se graduou em 2010, não encontraram nenhum registro de alguém com seu nome ou sua data de nascimento que tivesse se formado naquele ano.

Tampouco há evidências de que sua ONG de resgate de animais, Friends of Pets United, seja uma organização isenta da obrigação de pagar impostos, como Santos alegou. A Receita Federal americana não conseguiu localizar nenhum indício de uma entidade beneficente registrada com esse nome.

A declaração de valores financeiros de Santos indica uma vida com alguma riqueza. Ele emprestou mais de US$ 700 mil à sua campanha nas midterms, doou milhares de dólares a outros candidatos nos últimos dois anos e relatou em sua declaração financeira receber um salário de US$ 750 mil, além de mais de US$ 1 milhão em dividendos de sua empresa, a Devolder Organization.

Mas a firma, que não tem um site público na internet nem página no LinkedIn, é um enigma. Num site de campanha, Santos certa vez descreveu a Devolder como "a empresa de sua família" e disse que ela administrava ativos de US$ 80 milhões. Em sua declaração financeira para o Congresso, descreveu a empresa como uma consultoria de apresentação de capitais, uma espécie de firma especializada que atua como intermediária entre fundos de investimentos e investidores com muito dinheiro. Mas as afirmações de Santos não incluíram os nomes de quaisquer clientes —omissão que, segundo três especialistas em lei eleitoral, pode ser problemática se tais clientes de fato existirem.

Por fim, embora Santos tenha afirmado que a sua fortuna familiar vem de investimento em imóveis, ele não divulgou dados sobre eles, e a reportagem não conseguiu encontrar seus registros.

A vitória de Santos foi considerada inesperada. Ele foi eleito por uma diferença de oito pontos, em um distrito do norte de Long Island e nordeste de Queens que costumava favorecer democratas. Ele tinha sofrido uma derrota decisiva no mesmo distrito em 2020 para o democrata Tom Suozzi, e parecera demasiado atrelado ao ex-presidente Donald Trump e suas posições para mudar sua sorte.

No início deste mês, sua presença em um evento de gala em Manhattan que teve a participação de nacionalistas brancos e nomes da direita conhecidas por espalhar teorias da conspiração evidenciou seus vínculos com a base conservadora de Trump.

Ao mesmo tempo, novas revelações trazidas à tona pelo New York Times, incluindo a omissão de informações-chave nas declarações financeiras pessoais de Santos e acusações criminais contra ele no Brasil por fraude com cheques, podem criar problemas éticos e possivelmente legais para ele quando assumir o cargo.

George Santos não respondeu a reiterados pedidos da reportagem para que fornecesse documentos ou um currículo com datas que ajudassem a confirmar as afirmações que ele fez na campanha. Ele se negou a ser entrevistado, e seu advogado, Joe Murray, não respondeu a uma lista de perguntas detalhadas enviadas pelo jornal. Em declaração breve, ele afirmou que "não surpreende que o congressista eleito George Santos tenha inimigos no New York Times que tentam sujar seu nome com essas declarações difamatórias".

Também a Big Dog Strategies, consultoria política de viés republicano que lida com gerenciamento de crises, não respondeu à lista de perguntas.

Processo criminal no Brasil

Santos disse que nasceu e cresceu na região do Queens, em Nova York, e que seus pais emigraram do Brasil. Afirmou que seu pai é católico e tem raízes em Angola. Sua mãe, Fátima Devolder, seria descendente de imigrantes que fugiram da perseguição a judeus na Ucrânia e dos choques da Segunda Guerra Mundial na Bélgica. Ele se descreveu como judeu não praticante, mas também já se disse católico.

Registros indicam que a mãe de Santos, que morreu em 2016, viveu por algum tempo em Niterói (RJ), onde trabalhou como enfermeira. Depois de obter um diploma de equivalência do ensino médio, o congressista eleito também teria passado algum tempo em Niterói.

Em 2008, aos 19 anos, Santos roubou o talão de cheques de um homem de quem sua mãe era cuidadora, conforme revelam documentos de tribunal brasileiros descobertos pelo New York Times. Registros policiais e do tribunal revelam que ele fez compras com os cheques roubados, incluindo um par de sapatos. Dois anos mais tarde, ele confessou o crime e foi indiciado.

O tribunal e o promotor local no Brasil confirmaram que o processo continua em aberto. Santos ignorou uma intimação judicial, e um oficial de justiça não conseguiu localizá-lo em seu endereço declarado.

Esse período no Brasil corresponde, em parte, à época em que Santos disse que estava estudando no Baruch College, onde teria recebido diploma de bacharel em economia e finanças. Mas, mesmo lançando mão de diversas variações de seu primeiro nome, nome do meio e sobrenome, o Baruch College não conseguiu encontrar registros de que ele tivesse se formado lá em 2010, conforme alegou.

Consta de uma biografia de Santos no site do Comitê do Congresso Nacional Republicano —braço de campanhas do Partido Republicano na Câmara dos Deputados—, que ele também teria passado pela New York University. Essa alegação não é repetida em nenhum outro lugar, e um representante da universidade não encontrou nenhum registro de presença que correspondesse a seu nome e data de nascimento.

Santos afirmava que, depois de se formar na faculdade, teria começado a trabalhar no Citigroup e logo se tornado um "gerente associado de ativos" na divisão imobiliária da empresa, segundo uma versão de sua biografia que constava em seu site de campanha ainda em abril.

Uma porta-voz do Citigroup, Danielle Romero-Apsilos, disse que a companhia não podia confirmar que Santos tenha trabalhado para ela. Disse também que desconhece o nome do cargo que Santos disse ter ocupado e destacou que a empresa vendeu suas operações de gerenciamento de ativos em 2005.

Uma biografia de campanha anterior de Santos indica que ele deixou o Citi para trabalhar para uma empresa turca que vendia serviços de tecnologia no setor de turismo, a MetGlobal, e outros perfis dele mencionam uma passagem pelo Goldman Sachs. Não foi possível falar com executivos da MetGlobal para confirmar as informações. Abbey Collins, uma porta-voz do Goldman Sachs, disse que não localizou nenhum registro de que Santos tenha trabalhado para a organização.

Tentativas de localizar colegas de trabalho que pudessem confirmar que ele trabalhou para as companhias citadas foram infrutíferas, em parte porque Santos não informou datas específicas nas quais teria trabalhado para essas companhias.

Santos também disse que sua vida profissional foi marcada por tragédias: em entrevista à WNYC, disse que sua empresa, que ele não identificou, "perdeu quatro funcionários" na chacina na boate Pulse, em Orlando, em junho de 2016. Mas uma revisão da cobertura do NYT e obituários concluiu que nenhuma das 49 vítimas parece ter trabalhado em nenhuma das diversas firmas citadas na biografia de Santos.

Sua sorte teria mudado

Santos diz que, enquanto estava subindo na hierarquia corporativa, fundou a Friends of Pets United, que dirigiu por cinco anos, começando em 2013. Ele citou essa organização como prova de que tinha um histórico de trabalho filantrópico ao se lançar como candidato.

Foi possível encontrar resquícios da entidade no Facebook, mas a Receita Federal não encontrou nenhum registro indicando que ela tivesse o status de organização isenta de impostos que Santos alegou. Os departamentos estaduais de justiça de Nova York e Nova Jersey não localizaram nenhum dado indicando que a Friends of Pets United tivesse sido registrada como uma entidade beneficente.

A entidade promoveu ao menos um evento de levantamento de fundos com um grupo de Nova Jersey de resgate de animais, em 2017. O convite prometia drinques, doações de objetos em rifas e uma banda ao vivo. Os ingressos custaram US$ 50, segundo a vaquinha online que promoveu o evento. Mas a pessoa que receberia o dinheiro arrecadado —que pediu anonimato por temer represálias— disse que isso nunca aconteceu. George Santos teria dado diversas desculpas para não repassar os valores a ela.

Nesse mesmo período, aparentemente Santos enfrentava dificuldades financeiras. Em novembro de 2015, uma proprietária no bairro de Whitestone, na região do Queens, moveu uma ação de despejo num tribunal, acusando Santos de dever para ela US$ 2.250 em aluguéis não pagos.

Entrevistada, a proprietária, Maria Tulumba, disse que Santos era um "sujeito simpático" e que foi um inquilino "respeitoso". Mas, sem dar maiores detalhes, disse que ele teve problemas financeiros que levaram à ação de despejo. O juiz decidiu em favor da proprietária.

Em maio de 2017, Santos foi alvo de outra ação de despejo, dessa vez de um apartamento no bairro de Sunnyside, também no Queens. O locador acusou Santos de dever a ele mais de US$ 10 mil em aluguéis, correspondentes a um período de cinco meses, e segundo documentos do tribunal, disse que um dos cheques apresentados por seu inquilino não tinha fundos. Foi emitido um mandado de despejo e Santos recebeu uma multa de US$ 12.208 num julgamento cível.

No início de 2021, Santos estava se manifestando publicamente sobre questões habitacionais, mas não do ponto de vista de um inquilino. Durante a moratória de despejos declarada em Nova York na pandemia, Santos disse no Twitter que era um locador afetado pela medida. "Será que nós, proprietários, vamos poder retomar nossos imóveis algum dia?", escreveu.

Santos disse que ele e sua família não recebiam o aluguel referente a seus 13 imóveis havia quase um ano. Disse que ofereceu assistência a alguns inquilinos, mas que alguns estavam "pura e simplesmente tirando vantagem da situação".

Mas Santos não citou imóveis em Nova York nos formulários exigidos de declaração financeira de nenhuma de suas duas campanhas. O único imóvel que listou foi um apartamento no Rio de Janeiro. Bancos de dados de imóveis em Nova York e Nassau County não mostram nenhum documento ou título ligado a ele, a seus familiares imediatos ou à Devolder.

Não está claro o que pode ter levado a sorte de Santos a mudar, como parece ter sido o caso. Quando ele lançou sua primeira candidatura à Câmara, em novembro de 2019, ele estava trabalhando com desenvolvimento de negócios numa firma chamada LinkBridge Investors que afirma aproximar investidores de gerentes de fundos.

Santos teria acabado se tornando vice-presidente da firma, segundo um documento dela e uma declaração de bens feita para a campanha em maio de 2020, na qual declarou rendimentos de US$ 55 mil em salário, comissões e abonos.

Nos dois anos seguintes, ele participou de várias empreitadas que não tiveram êxito. Quando se candidatou a uma vaga no Congresso, saiu da LinkBridge para assumir um novo papel como diretor regional da firma de investimentos Harbor City Capital, sediada na Flórida.

A Harbor City, que atraiu investidores com vídeos no YouTube e promessas de retornos de mais de 10%, não demorou a chamar a atenção da Comissão de Valores Mobiliários (SEC), que moveu uma ação acusando a empresa e seu fundador de operarem uma pirâmide financeira fraudulenta, isto é, um esquema de Ponzi de US$ 17 milhões. Nem Santos nem outros colegas seus foram citados na ação, e Santos negou publicamente ter qualquer conhecimento do esquema.

Duas semanas depois, alguns ex-executivos da Harbor City formaram uma consultoria política chamada Red Strategies USA, conforme divulgado pelo jornal The Daily Beast. Registros corporativos citam a Devolder Organization como proprietária parcial da consultoria, embora os documentos para o registro da Devolder só tivessem sido apresentados uma semana depois.

A Red Strategies teve vida curta: documentos de campanha federais mostram que ela realizou trabalho de consultoria política para pelo menos uma política –a republicana Tina Forte, que disputou a vaga da deputada Alexandria Ocasio-Cortez em novembro, sem sucesso—, antes de ser dissolvida em setembro por ter deixado de apresentar um relatório anual.

A Devolder Organization parece ter prosperado enquanto George Santos se candidatava ao cargo político. Segundo as declarações financeiras dele, seu trabalho ali lhe valeu um salário anual de US$ 750 mil. Quando também ela foi dissolvida –também por ter deixado de apresentar um relatório anual—, Santos informou que ela estava valendo mais de US$ 1 milhão.

Vitória levanta novas perguntas

Santos anunciou sua intenção de se candidatar a uma vaga no Congresso quase imediatamente após sua primeira tentativa. Ele calculou que voltaria a perder no distrito, que em 2020 havia sido em grande medida favorável ao presidente Joe Biden.

Mas as coisas começaram a pender em seu favor. Os republicanos em Nassau County tiveram bom desempenho nas eleições locais em 2021. O democrata Tom Suozzi optou por não se candidatar à reeleição em 2022 e se lançou ao governo estadual, sem sucesso. Por fim, com o alto índice de participação dos eleitores previsto nas midterms que também incluíam uma eleição para governador, a candidatura de Santos ficou mais competitiva –e sua posição de campanha, mais moderada.

Em sua primeira campanha, Santos, partidário de Trump, posicionou-se contra o uso obrigatório de máscaras e o acesso ao aborto. Defendeu a polícia contra o que descreveu como o "conceito inventado" de brutalidade policial.

Em sua segunda campanha, ao contrário, posts mais antigos no Twitter foram deletados, incluindo as alegações de fraude eleitoral que ele disse que haviam custado a Trump a eleição em 2020. Em março de 2022, ele publicou a mesma postagem que tinha deletada: "Minha nova equipe de campanha inclui quatro ex-membros leais da equipe de Trump que o empurraram para a linha de chegada DUAS vezes, sim, eu disse DUAS vezes!"

Em mais um tuíte deletado desde então, Santos alegou, sem apresentar provas, que foi vítima de fraude em sua primeira disputa congressional. Em dado momento, usou a hashtag #StopTheSteal, slogan associado às alegações eleitorais falsas de Trump.

Apesar de ele ter se gabado previamente de ter participado do comício de 6 de janeiro em apoio a Trump, em Washington —mas não da invasão do Capitólio—, desde então ele vem evitando responder a perguntas sobre sua presença no evento. Também tem tergiversado sobre uma alegação anterior de que havia "escrito um cheque polpudo a uma firma de advocacia" para ajudar judicialmente alguns dos participantes da invasão.

A melhora das circunstâncias de Santos fica evidente na declaração oficial de bens que ele registrou em setembro na Câmara dos Deputados, embora o documento ainda deixe perguntas sobre suas finanças no ar.

No documento, Santos disse ser proprietário e administrador único da Devolder Organization. Afirmou que a empresa, que é sediada em Nova York, mas registrada na Flórida, paga a ele um salário de US$ 750 mil. Ele também recebeu dividendos da Devolder totalizando algo entre US$ 1 milhão e US$ 5 milhões –muito embora, segundo o mesmo documento, o valor estimado da própria empresa esteja na mesma faixa.

A Devolder não possui ativos de conhecimento público ou outros bens que a reportagem tenha conseguido identificar. A declaração de bens de Santos não incluiu informações sobre clientes que teriam contribuído para esse montante. Isso representa uma aparente violação da exigência de informar qualquer receita superior a US$ 5.000 recebida de uma fonte única.

Kedric Payne, vice-presidente da entidade de fiscalização Campaign Legal Center (Centro Jurídico de Campanha) e ex-vice-advogado principal do Escritório de Ética do Congresso, foi um dos três especialistas em direito eleitoral consultados pelo jornal que fizeram objeções à falta de informações detalhadas.

"Essa declaração soa como um alarme, porque nenhum cliente é identificado, sendo que se trata de uma empresa multimilionária de prestação de serviços", afirma Payne. "O deputado eleito deve explicar o que está acontecendo."

O New York Times tentou entrevistar George Santos no endereço que consta em seus documentos como eleitor, ligado a uma doação de campanha que ele fez em outubro. Uma pessoa que estava no local no domingo (18) afirmou que não o conhecia.

Omissões ou informações deturpadas em declarações de bens pessoais são consideradas crime federal sob a Lei de Declarações Falsas, acarretando multa de US$ 250 mil e cinco anos de prisão. Mas os critérios para uma condenação nesses casos são elevados, uma vez que o estatuto requer que as violações tenham sido cometidas intencionalmente e com conhecimento de causa.

A Câmara dos Deputados possui vários mecanismos internos para investigar violações de ética, e pode impor penalidades cíveis ou administrativas. Esses mecanismos tendem a ser acionados principalmente em casos de violações gritantes, especialmente se a conduta em questão ocorreu antes de o deputado tomar posse no cargo.

Informações de campanha mostram que, quando era candidato, George Santos não praticou contenção de despesas, comprando camisas da Brooks Brothers para os membros de sua equipe e cobrando da própria campanha refeições feitas no restaurante da Bergdorf Goodman, loja de departamentos mais elegante e cara de Nova York.

Ele também gastou altas somas em viagens, tendo cobrado de sua campanha cerca de US$ 40 mil por voos para destinos que incluíram a Califórnia, Texas e Flórida. Santos gastou ao todo mais de US$ 17 mil na Flórida, principalmente em restaurantes e hotéis, incluindo pelo menos uma noitada no Breakers, hotel e resort cinco estrelas em Palm Beach, localizado a menos de cinco quilômetros de Mar-a-Lago, o clube particular e residência de Donald Trump.

Tradução de Clara Allain

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