Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Ucrânia admite até 13 mil soldados mortos na guerra

Primeira divulgação de baixas por Kiev desde agosto difere de números estimados por outros atores

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São Paulo

O Exército da Ucrânia sofreu de 10 mil a 13 mil baixas desde o começo da invasão do território do país pela Rússia, admitiu nesta quinta-feira (1º) o governo em Kiev. O conflito se prolonga há mais de nove meses e não tem perspectiva para acabar.

A estimativa, apresentada pelo assessor presidencial Mikhailo Podoliak em uma entrevista à rede Kanal 24, é a primeira divulgada por uma autoridade da gestão de Volodimir Zelenski ao menos desde agosto —à época, o número de soldados mortos segundo o governo era de aproximadamente 9.000.

As informações não podem ser verificadas de maneira independente, e é razoável supor que os números reais sejam maiores. Na guerra de versões entre Moscou e Kiev que caracteriza o conflito travado em terra, o balanço divulgado nesta sexta diverge consideravelmente, por exemplo, do apresentado por autoridades americanas.

Equipe de resgate atua em edifício atingido por ataque russo na região de Zaporíjia, na Ucrânia
Equipe de resgate atua em edifício atingido por ataque russo na região de Zaporíjia, na Ucrânia - Marina Moiseienko - 9.out.22/AFP

O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos EUA, general Mark Milley, disse no mês passado que mais de 100 mil soldados russos teriam sido mortos em confrontos na Ucrânia, e que seria semelhante a essa quantidade a de militares ucranianos que perderam a vida.

Outro assessor de Zelenski, Oleksii Arestovich, contestou a informação e nesta quarta (30) ecoou o discurso de lideranças do país ao afirmar que o desempenho militar do país é superior ao do invasor. Sem precisar cifras, ele estimou que o número de mortes russas é sete vezes maior.

Estimativas de baixas civis não foram divulgadas. Nos últimos dias, porém, com o inverno no hemisfério Norte mais próximo e as temperaturas cada vez mais baixas, a preocupação quanto a um aumento no número de mortes aumentou. Kiev estima que metade da infraestrutura do país no setor tenha sido destruída em ataques de Moscou, o que deixou milhões sem fornecimento de eletricidade, aquecimento e água.

Ataques a alvos de infraestrutura são uma tática adotada por Vladimir Putin após os ucranianos alvejarem com sucesso a ponte que liga a Crimeia anexada em 2014 à Rússia.

Na semana passada, Zelenski afirmou que mais de 6 milhões de residências estavam sem luz, impactando cerca de 10 milhões de pessoas —ou um quarto da população que o país tinha antes da guerra. Novos apagões para economizar energia estão programados para todas as regiões, inclusive a capital, Kiev, em uma situação que autoridades dizem que pode se estender por toda a estação mais fria.

As declarações sobre o número de baixas militares se dão em um momento em que há poucos avanços no front de lado a lado. Após apresentar dificuldades militares, com o recuo de tropas para posições defensivas na região anexada de Kherson (sul), Moscou empreendeu ataques com dezenas de mísseis e drones, retomando um padrão não visto desde o começo da guerra.

Analistas veem Putin ganhando tempo para reorganizar suas forças, esperando o efeito da mobilização de cerca de 300 mil reservistas.

Segundo o alto comissário da ONU para Direitos Humanos, o austríaco Volker Türk, milhões de pessoas "foram jogadas em extrema dificuldade". A Rússia, por sua vez, tem tentado pintar a rede energética ucraniana como um alvo militar legítimo, negando intenção de provocar a morte de civis.

Diante do prolongamento da guerra e dos impactos econômicos em escala global, ganha corpo a ofensiva diplomática pelo fim do conflito. Nesta quinta, o presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou pela primeira vez em público que está disposto a conversar diretamente com Putin acerca de uma forma de encerrar a guerra.

A fala é a culminação de semanas de sinalizações por parte de Washington. Ainda que mantenha e reitere o apoio ao esforço de guerra de Kiev contra Moscou, Biden sugere que há limites para sua disposição.

Com Reuters

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